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quarta-feira, 28 de julho de 2010

O projeto 1 Milhão de Downloads luiz Gonzaga


Luiz Gonzaga não é apenas o rei do baião. Ele é indiscutivelmente a voz mais importante de 9 dos 26 estados e, talvez, o nome mais importante da música popular brasileira.

Sua discografia é praticamente impossível de ser fechada. Gonzaga gravou incessantemente de 1941 até a sua morte em 1989. Oficialmente, são mais de 50 long-plays e, antes disso, N discos de 78 rotações.

Mesmo assim, poucos títulos de sua obra foram digitalizados. O site CliqueMusic indica que apenas 20 dos seus trabalhos viraram CD, o que não significa que eles podem ser encontrados facilmente. Experimente você mesmo comprar um e conte-nos quantos álbuns diferentes estão disponíveis no mercado.

O projeto 1 Milhão de Downloads abre seus trabalhos disponibilizando nada menos que 52 LPs de Luiz Gonzaga para download.

http://search.4shared.com/q/1/luiz%20gonzaga
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Livro completo da Vida Do Viajante: A Saga De Luiz Gonzaga


As imagens abaixo são, respectivamente, dos livros: Vida de Viajante - A Saga de Luiz Gonzaga de Dominique Dreyfus, Música para Acordeom - Tributo a Luiz Gonzaga de Roberto Bueno, O Melhor de Luiz Gonzaga de Roberto M. Moura e Luiz Gonzaga: a Música Como Expressão do Nordeste de José Farias dos Santos.

Vida Do Viajante: A Saga De Luiz Gonzaga
Conceito do Leitor: Seja o primeiro a opinar
Coleção: OUVIDO MUSICAL
Autor: DREYFUS, DOMINIQUE
Editora: EDITORA 34
Assunto: ARTES - MÚSICA


Esse eu já li, tem muitas fotos boas pessoal da vida vida de luiz Gonzaga realmente é um otimo livro que conta vida desse nordestino que conquistou o mundo

obs: A autora e francêsa, e passou 3 mês ao lado do rei

Tinha agora um apelido: "Bico de Aço",


Luiz Gonzaga nasceu em Exu (PE) no dia 13 de Dezembro de 1912 em uma fazenda chamada "Caiçara", a 3 léguas da cidade. Filho de Januário e Ana Batista (conhecida por Santana), ele ganhou esse nome em homenagem à Santa Luzia, que era seu dia.


Aos sete anos, Luiz já pegava sua enxada. Mas preferia ficar olhando o pai consertar sanfonas e observar como se tocava esse instrumento. Januário era sanfoneiro respeitado em toda a região. E Luiz via o pai tocar, estudando os movimentos dos dedos, louco para experimentar o fole.


Um dia, o pai na roça, Santana na beira do rio, Luiz pegou uma sanfona velha e começou a tocar. Com poucas tentativas já conseguia tirar melodias do instrumento. Foi quando a mãe chegou e lhe deu um safanão. Não queria um filho sanfoneiro que se perderia no sertão. Mas Januário gostava das tendências musicais do filho. Deixava o filho ir tocando as sanfonas que vinham de longe para serem consertadas. Só se assustou quando um dono de um terreiro muito concorrido, pediu licença para Luiz tocar num baile. O menino irrequieto e cheio de iniciativa, já andara tocando por lá, sem que Januário soubesse, fazendo grande sucesso.


- Fale com Santana, ela é que resolve - disse Januário, ao mesmo tempo orgulhoso e temeroso pelo filho.


Santana a princípio negou, mas depois resolveu deixar na mão dos homens o assunto. Conversa vai, conversa vem, Januário consentiu:


- E se der sono nele por lá?


- Ora, a gente arma a rede e manda ele drumi - respondeu o dono do terreiro, com o sanfoneiro já garantido para a festa.


Naquela noite Luiz tocou com todo entusiasmo, agradando em cheio. Mas realmente não resistiu. Os olhos pesaram, a sanfona tornou-se um fardo e o menino foi para a rede. Tão menino ainda que fez xixi enquanto dormia, fugindo para casa com vergonha.


A partir de então passou a acompanhar Januário pelos forrós daquele sertão. Santana a princípio discordava mas calou-se depois de ver os dois mil réis que o menino ganhava revezando-se com o pai na sanfona.



Assim cresceu Luiz Gonzaga: ajudando o pai na roça e na sanfona, acompanhando a mãe às feiras, fazendo pequenos serviços para os fazendeiros da região, sendo protegido pelo Coronel Manuel Aires de Alencar. Sr. Aires era homem bondoso e respeitado até pelos inimigos. Luiz, embora filho de trabalhador, era muito bem tratado pelos Aires de Alencar. As filhas do Cel. ensinaram-lhe as poucas letras que aprendeu: assinar o nome, "ler uma carta e escrever outra". Ensinaram-lhe também a falar correto, comer direito, boas maneiras.



Foi o Sr. Aires quem realizou o grande sonho de Gonzaga: ter uma sanfona própria. O instrumento, uma harmônica amarela marca "Veado", custava 120$000, Luiz tinha 60$000 economizados. O Cel. pagou o resto. Mais tarde foi reembolsado por Luiz com o fruto de seu trabalho de sanfoneiro.



O primeiro dinheiro ganho com sua sanfona foi no casamento de Seu Dezinho, em Ipueira: ganhou 20$000. Foi nessa festa que sua fama de bom sanfoneiro começou a fixar-se. Luiz sentiu que seu destino era aquele quando, no meio do baile, Mestre Duda, o mais respeitado sanfoneiro da região, soltou o elogio: "Esse menino é um monstro pra tocar".


- Foi o maior elogio que já recebi na minha vida - disse Gonzaga.



Quando descansava da sanfona, Luiz dançava e namorava. Uma vez, pensou em casar, comprou até alianças, mas Santana acabou com o noivado do adolescente. A coisa foi pior quando entrou para um grupo de escoteiros, em Exu, e começou um namoro de olhares com Nazinha, filha de Raimundo Delgado, um importante da cidade. A primeira conversa entre os dois confirmou o interesse mútuo. Pensando novamente em casamento, Luiz foi falar com os pais da moça. Raimundo não estava; a mãe foi simpática, mas deu a entender que o pai não aprovaria o namoro. Dias depois, um amigo contava a reação de Raimundo:



- Um diabo que não trabalha, não tem roça, não tem nada, só puxando aquele fole, como é que quer se casar? É isso, mora nas terras dos Aires e pensa que é Alencar. Os Aires podendo tirar o couro daquele negro. Dão liberdade e agora quer moça branca pra se casar...



Luiz não hesitou; comprou uma peixeira e foi tirar satisfações do homem, disposto a matá-lo. Raimundo conseguiu desconversar e contou tudo a Santana. O resultado foi uma surra no valentão, a maior que recebeu na vida. Santana açoitou-o até perder as forças e cair sentado num banco. Luiz, assim que se recompôs, fugiu para o mato.



Em Crato, Luiz mentiu que ia a Fortaleza comprar um fole novo. E vendeu o velho para Raimundo Lula, tomando o trem que o levava pra uma resolução: entrar para o Exército. Queria deixar para sempre Exu, a vergonha do quase crime e de uma surra aos dezessete anos. Como tantos homens do interior, ia para a capital, buscar no Exército uma vida melhor.



Tornou-se o recruta 122 numa época violenta: a Revolução de 1930 logo estourava no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. Para este último Estado seguiu o batalhão de Luiz, aderindo aos revoltosos na cidade de Sousa. Os meses seguintes foram de missões ao Pará, interior do Ceará e Teresina, agora em defesa da revolução vitoriosa. Na capital do Piauí, Luiz, que estava prestes a dar baixa, conseguiu o engaiamento e foi para o Sul: Rio, Belo Horizonte, Campo Grande, Juiz de Fora.



Tinha agora um apelido: "Bico de Aço", pois tornara-se corneteiro muito competente. Com a sanfona, tivera um reencontro muito triste. Foi tocar na orquestra do quartel, o maestro falou:



- Gonzaga, dá um Mi Bemol aí.



- Mi Bemol? Que diabo é isso?



E assim o bom sanfoneiro de Exu ficou de fora da orquestra: não sabia nem a escala musical. Mas decidiu aprender. Mandou fazer uma sanfona com Seu Carlos Alemão e começou a estudar com Domingos Ambrósio, O Dominguinhos, famoso sanfoneiro de Minas. Aprendia o Mi Bemol e as músicas que se tocavam no centro do país: polcas, valsas, tangos.



Transferido para Ouro Fino, sul de Minas, lá tocou pela primeira vez num clube, "assassinando" o repertório de Augusto Calheiros e Antenógenes Silva. Os bons tempos de caserna estavam no fim. Uma nova lei proibia que Luiz ficasse mais de dez anos engajado. Depois de uma ida a São Paulo, em busca de um fole melhor, retornou à vida paisana. Era 1939, Luiz Gonzaga não sabia direito o que fazer.



"Cum um bocado de roupa
Minha sanfona e dinheiro
Eu vim pra terra da luz
Que é o Rio de Janeiro;
Tive meu primeiro emprego
Meu amigo não se zangue;
Foi num canto de café
Ali pertinho do Mangue."



Enquanto esperava um navio para voltar a Pernambuco, Luiz ficou no Batalhão de Guardas do Rio de Janeiro. Um soldado o aconselhou:



- Mas, rapaz! Com um instrumento desses aí e na moita. Isso é dinheiro vivo, moço! Sei onde você com isso aí pode levar seus cinqüentões folgados!



Era no Mangue, Rua Júlio do Carmo, esquina de Carmo Neto. "Um fuzuê dos diabos", conta Luiz.



Ao barulho do movimento na rua juntava-se o rumor dos bares, da boêmia malandra e constante, soldados e marinheiros do mundo inteiro. Loiros, chinos, brasileiros, alemães, russos, polacos, o diabo. Desconfiado, Luiz começou a tocar timidamente. Mas logo conseguiu companheiro, o guitarrista Xavier Pinheiro, com quem passou a tocar nos bares do mangue, nas docas do porto, nas ruas, onde houvesse alguém disposto a ouvir e jogar alguns tostões no pires. Acabou sendo convidado para tocar em festinhas de subúrbio e nos cabarés da Lapa, após a meia-noite, quando encerrava seu "expediente" nas ruas da cidade. A sanfona garantia-lhe a sobrevivência e abria-lhe novos caminhos.



No Elite, gafieira da Praça da República, Luiz teria a primeira oportunidade de conhecer uma figura do rádio, o pianista cego Amirton Valim, de tocar seus forrós e chamegos do Nordeste. Era uma exceção, pois seu repertório continuava sendo o exigido pelo público da época: tangos, fados, valsas, foxtrotes, etc.



Foi tocando esses ritmos estrangeiros que Luiz fez as primeiras tentativas no rádio, arriscando-se nos programas de calouros de Silvino Neto e Ari Barroso. Fracasso total: nunca passava de uma medíocre nota 3. Até que um dia um grupo de estudantes cearenses chamou-lhe a atenção para o erro que cometia: por que não apresentava as músicas que crescera ouvindo e tocando, as músicas gostosas dos sanfoneiros do sertão como seu pai Januário e Mestre Duda?



- Bôas noite, seu Barroso.


- Rapaz, procure um imprego.


- Seu Ari, me dá licença pra eu tocar um chamego?


- Chamego?... O qui é isso no rol da coisa mundana?


- O chamego, Seu Barroso, é musga pernambucana.


- Como é o nome desse negócio?


- Vira e Mexe!


- Pois arrivira e mexe esse danado... a gente vê cada uma...



Luiz virou e mexeu com todo mundo. Ari Barroso deu-lhe nota 5 e o prêmio de 15$000. O público pediu bis, entusiasmado com a descoberta. Luiz também fazia uma descoberta:



- Havia ambiente para as músicas do nosso sertão, havia um filão a explorar, até então virgem quase não passavam de contrafações grosseiras aqueles programas sertanejos com emboladas e rancheiras.



Não deixou o pires do Mangue, mas começou a aparecer em programas de rádio, como o Zé do Norte, e a conhecer os compositores que admirava: Augusto Calheiros, Antenógenes Silva. Este último, ao saber que Gonzaga tocava no Mangue, profetizou:



- Pois vá se aguentando lá, que seu dia chegará.



E o dia começou a chegar quando Luiz, tocando no Mangue, foi procurado por Januário França. Precisava de um sanfoneiro para acompanhar Genésio Arruda numa gravação. Luiz hesitou:



- Será que eu acerto?


- É sopa, rapaz.



Luiz saiu-se tão bem no acompanhamento que o diretor artístico da RCA, Ernesto Matos, pediu-lhe para tocar alguma coisa em solo. Luiz tocou duas valsas e uma rancheira. Matos gostou e acabou fazendo uma concessão:



- Agora meta lá esse negocinho do Norte que você disse que tem.



O "negocinho": o chamego Vira e mexe e o xóte No Meu Pé de Serra.



- Amanhã pode vir gravar.



14 de Março de 1941, Luiz Gonzaga gravou seus dois primeiros discos como solista de sanfona. No primeiro, a mazurca Véspera de São João (Luiz Gonzaga - Francisco Reis) e Numa Serenata, valsa própria do Luiz. No segundo: Saudades de São João del Rei (valsa - Simão Jandi) e Vira e Mexe, chamego de Luiz Gonzaga. Os três 78 rotações que viriam a seguir manteriam a mesma proporção de música nordestina: Nós queremos uma valsa (Nássara e Frazão), Farolito (Augustín Lara) e só então o Pé de Serra.



Durante cinco anos Luiz Gonzaga gravaria cerca de setenta músicas. das quais apenas dez seriam chamegos. A maior parte eram valsas, polcas, mazurcas e chorinhos, quase sempre de autoria do próprio Gonzaga.



- Agora que estou mais procurado, lembrei-me de que fui eu quem lançou o choro no acordeão, algumas coisas mais fáceis do Nazareth, outras minhas.



E nesses cinco anos Luiz Gonzaga faria carreira na rádio carioca. Começou com um contrato na rádio Club, para onde o levou Renato Murce. Substituiu seu ídolo Antenógenes Silva no Alma do Sertão participava de programas quase todos os dias da semana. Além disso, tocava no teatro com Genésio Arruda e, nas noites de domingo, animava os dancings do centro da cidade.



- Havia o contrato da rádio, com seus 400$000 no fim do mês; havia os 20 de Genésio todos os dias e, com surpreendente regularidade, cerca de 300$000 de venda das gravações, um outro ordenado.



Deixara de vez o Mangue e a dupla com Xavier Pinheiro. mas não esqueceu o amigo que inclusive o abrigara em sua casa: gravou algumas músicas do Xavier, divulgando-as para além dos bares frequentados por marinheiros e prostitutas.



"Adispôs desse contrato
Num abri e fechá de ôiu
Viero me inconvidar
Pra fundação da Tamôio."



Seiscentos mil réis, o título de "maior sanfoneiro do Nordeste", mas uma severa proibição de cantar. E Luiz insatisfeito:



- Talvez por não encontrar a verdadeira expressão do meu pendor artístico naqueles solos de sanfona, que subitamente me pareceram desenxabidos, inautênticos. Eu desejava fugir do ramerrão, das valsas rancheiras (...) Eu havia feito outras experiências fora do rádio, e os resultados foram animadores. Haviam-me aplaudido tocando choros, chamegos, forrós e calangos.



Luiz começava sua luta para tocar, cantar e gravar suas músicas nordestinas quando foi despedido da Tamoio (1944). Logo foi contratado, por Cr$1 600, 00, pela Rádio Nacional, onde Paulo Gracindo, olhando para o rosto redondo de Luiz, apelidou-o de "Luiz Lua Gonzaga".


Biografia - Abril Cultural

“Luiz de Januário”


Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe à 12km de Exu, filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus (Mãe Santana). Foi batizado na matriz de Exu no dia 05 de janeiro de 1913, cuja celebração batismal, foi realizada pelo Pe. José Fernandes de Medeiros. Desde sua infância o pequeno Gonzaga namorava o fole de oito baixos, instrumento este, executado por “Pai Januário” no qual começou seus primeiros acordes.
“Luiz de Januário” como era conhecido na infância, aos 8 anos de idade substitui um sanfoneiro que falhou no trato em festa tradicional no terreiro de Miguelzinho na Fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. Naquela noite o pequeno Lula deleitava-se tocando e cantando a noite inteira, e pensava na possibilidade de Dona Santana deixar ele tocar mais vezes. Luiz Gonzaga tocava feliz porque era a primeira noite que tocava com a permissão de “Mãe Santana”. Naquela noite ele recebeu pela primeira vez o cachê de 20$000 rés. Luiz Gonzaga recorda as palavras de Dona Santana que pareciam ter uma esperança de tocar com sua permissão: “Luiz! Isso é gente pra tocar em dança? (...) E se o sono der nele pru lá?” Luiz Gonzaga ia crescendo, com sua simpatia e esperteza conseguiu agradar Sinhô Aires, passando a ser o garoto de confiança do Cel. Sua primeira sanfona era de marca “veado” comprada na loja de Seu Adolfo em Ouricori, Pernambuco, com a fiança do Cel. Manuel Aires de Alencar, o Sinhô Aires, custando 120$000 rés.

(Em 1915 nasce no Iguatu, Ceará, Humberto Cavalcanti Teixeira que mais tarde se tornaria parceiro de Luiz Gonzaga.

Em fevereiro de 1921 nasce em Carnaúba, distrito de Pajeú das Flores, José de Sousa Dantas Filho que posteriormente se torna parceiro de Luiz Gonzaga.

Em 1926 nasce em Gravatá, Pernambuco, Helena das Neves Cavalcanti, futura esposa de Luiz Gonzaga.)

O futuro de Gonzaga estava realmente na sanfona, profissão posteriormente executada em todo Brasil, graças as observações aos dedos ágeis de “Pai Januário”. Antes de Gonzaga completar 16 anos já era conhecido no Araripe e em toda redondeza. Aos 17 anos o filho de Januário apaixona-se por Nazarena, filha de um Alencar. O padrasto da jovem, o senhor Raimundo Deolindo sabendo da inclinação do jovem sanfoneiro pela menina-moça, resolve impedir o namoro. Luiz Gonzaga muito magoado com a situação resolve então encará-lo num sábado na feira do Exu, e disse ‘as do fim!’. Foi por causa de “Nazinha”, como a chamava, que Gonzaga levou uma surra de Dona Santana, por ocasião de seu atrevimento com o senhor Raimundo Deolindo, fugindo de casa em 1930.

Lula resolve então arranjar uma maneira de fugir de casa, foi quando com a ajuda de Zé de Elvira, com quem armou sua fuga, caminhando a pé cerca de 65Km de Exu ao Crato. Chegando no Crato Luiz Gonzaga vende ao lavrador, o senhor Raimundo Lula, sua sanfona por 80:000 rés. Essa decisão na vida de Luiz Gonzaga foi em julho de 1930, quando chega em Fortaleza e alista-se no 23º Batalhão de Caçadores do Exército, servindo no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Ceará, Piauí, Belo Horizonte, Campo Grande e no Rio de Janeiro. O então soldado de n.º 122, ganha fama no Exército e um apelido: “Bico de Aço”, por ser um excelente corneteiro. Deu baixa no Exército em Minas Gerais, no dia 27 de março de 1939 e viajou para o Rio de Janeiro, para esperar o navio que o levaria a Recife, em seguida a Exu. Resolveu então a convite de um amigo, foi ganhar a vida tocando no Mangue, com uma sanfona de 80 baixos, uma Horner branquinha, sua primeira sanfona branca comprada em São Paulo. Vale ressaltar que a partir de então, Luiz Gonzaga só usa sanfona branca até o final de sua vida.

Em 1940 Gonzaga conhece o guitarrista português, Xavier Pinheiros, e forma dupla tocando no Mangue e nas casas noturnas(cabarés), do Rio de Janeiro. Ele começou tocando músicas de Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva, começou a apresentar-se nas rádios em programas de Calouros. Em 1941 conhece Januário França, no qual transmite a Gonzaga um convite de Genésio Arruda, para acompanhá-lo numa gravação na RCA Victor. Logo em seguida é convidado para gravar um disco solo; grava dois, e nos cinco anos seguintes, Luiz Gonzaga grava cerca de 30 discos. A partir de 1941, Luiz Gonzaga já tinha o título de MAIOR SANFONEIRO NORDESTINO.

Luiz Gonzaga sofreu muito no Rio de Janeiro, para se firmar artisticamente. Com muita luta e vencendo as ironias de Ari Barroso, em 1942 Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso nas emissoras de rádio. Em 1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio e, logo em seguida foi contratado por Cr$ 1.600.00 pela Rádio Nacional. Recebe neste ano o apelido de “Lua”, por Paulo Gracindo. Em 1945 Luiz Gonzaga conhece o futuro grande parceiro, o advogado Humberto Cavalcanti Teixeira, nascido em Iguatu, Ceará. No dia 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou seu primeiro disco em voz.

No dia 22 de setembro de 1945 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, fruto do amor de Luiz Gonzaga com Odaléia Guedes dos Santos, cantora e bailarina profissional do coro de Ataulfo Alves. Gonzaga conviveu com Odaléia, cerca de 5 anos. Odaléia faleceu de tuberculose em 1952, quando Gonzaguinha tinha 7 anos (vale ressaltar que Gonzaguinha nesta época já morava com os padrinhos Xavier e Dina no Morro de São Carlos).

Em 1946 com Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga compõe e grava a primeira de uma série de 18 parceria: NO MEU PÉ DE SERRA. O sucesso de Gonzaga com esta música começa a ser enorme e ao mesmo tempo seu nome começa a correr pelo mundo: Europa, EUA, Japão, etc. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga resolve então rever a família, e chega em casa pela madrugada. Fica frente a frente com Seu Januário e é interrogado: “Quem é o Sinhô? Luiz Gonzaga seu filho! Isso é hora de você chegar em casa corno sem vergonha!?” Deste encontro, Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira, compõem a música RESPEITA JANUÁRIO, em homenagem àquele homem que foi o responsável pela inclinação do “negrinho fiota” para a música. Em 1947 no mês de março, Gonzaga gravou a música ASA BRANCA, que foi inicialmente refutada pelo diretor. A música ASA BRANCA começou a receber diferentes interpretações e gravações em vários países, como Israel e Itália. Em julho de 1947, na Rádio Nacional, Luiz Gonzaga conheceu Helena das Neves Cavalcanti, sua futura esposa.

No dia 16 de junho de 1948 Luiz Gonzaga casa-se com a contadora pernambucana Helena das Neves Cavalcanti, natural de Gravatá – PE, (segundo a cronologia de Assis Ângelo, Luiz Gonzaga já era estéril, mas sobre sua esterilidade fica muito oculto por ocasião de Gonzaga não dá ênfase a esta questão). Luiz Gonzaga resolve então fazer um passeio para apresentar a esposa a “Pai Januário”, que não pôde ir ao Rio de Janeiro para o casamento do filho. Neste dia 05 de abril de 1949, Luiz Gonzaga soube a caminho, que no dia anterior tinha começado em Exu um conflito político entre as famílias Alencar, Sampaio e Saraiva.

Em 1949 Gonzaga conhece em Recife o médico José Dantas de Sousa Filho. Com o novo parceiro, Gonzaga grava no dia 27 de outubro, o baião VEM MORENA e o FORRÓ DE MANÉ VITO. E o Brasil se deliciava com a boa música do “negrinho fiota”, que saiu lá das bandas do Exu para conquistar o coração dos brasileiros. No dia 01 de novembro de 1949, Seu Januário, Dona Santana, Geni, Muniz, Chiquinha, Socorro e Aloísio seguiram para o Rio de Janeiro, no caminhão comprado por Luiz Gonzaga.

Em 1950 o Lua recebe dos paulistas o título de “REI DO BAIÃO” que o consagra até nossos dias. Neste mesmo ano “Lua” grava também a toada ASSUM PRETO e os baiões QUI NEM JILÓ e PARAÍBA, Gonzaga neste período está no auge de sua carreira. A música PARAÍBA foi gravada por uma cantora japonesa Keiko Ikuta, e também pela Emilinha Borba. Em 1951 Luiz Gonzaga coroou a cantora Carmélia Alves como a “RAINHA DO BAIÃO” na Rádio Nacional, no programa “NO MUNDO DO BAIÃO” de Humberto Teixeira e Zé Dantas. No ano de 1952 Luiz Gonzaga tentou projetar para todo o Brasil, nos festejos juninos o talento musical da família através das rádios Tupi e Tamoio tendo como atração, OS SETE GONZAGAS: Seu Januário, Luiz Gonzaga, Severino Januário, José Januário (Zé Gonzaga), Chiquinha Gonzaga, Socorro e Aloísio. Em 1953 grava ABC DO SERTÃO, VOZES DA SECA e a A VIDA DO VIAJANTE. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga assume plenamente sua identidade nordestina, começando a usar o gibão de couro. No dia 09 de julho de 1954 mataram em Serrita Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga. Em 1959 Dona Marieta, mãe de Dona Helena, veio a falecer no Rio de Janeiro. O Rei do Baião não parava, andava por todo o País cantando e decantando o Nordeste. No amanhecer do dia 11 de junho de 1960, Dona Santana, mãe de Luiz Gonzaga, falecia no Rio de Janeiro, com a doença de chagas. A partir de 1960 Luiz Gonzaga começa a ser esquecido dos meios de comunicação, e faz então um desabafo a Dominguinhos: “EU VOU PARAR DE CANTAR BAIÃO, POIS NINGUÉM MAIS DÁ A MÍNIMA ATENÇÃO PRA MINHA MÚSICA. VOU COMPRAR UM TRANSISCORDE PARA VOCÊ, PRA GENTE FAZER BAILES. EU TOCO CONTRABAIXO, ENQUANTO VOCÊ TOCA ESSE INSTRUMENTO ELETRÔNICO QUE SAIU AGORA”, ( isso foi só um desabafo, pois Gonzaga continuou compondo baião até o final de sua vida). Neste ínterim Luiz Gonzaga estava muito dividido, pois Seu Januário morava sozinho no Araripe, após a morte de Dona Santana. Neste ano o Rei do Baião vinha constantemente ao Araripe para está junto de “Pai Januário”. No dia 05 de novembro de 1960 Seu Januário casa-se com Dona Maria Raimunda de Jesus, cuja celebração foi realizada por Padre Mariano. Aos 72 anos o “Vovô do Baião” demonstrava sua fé e o respeito a Igreja, testemunhando seu segundo matrimônio. Em 1961 Gonzaguinha já estava com 16 anos, passou então a morar com o pai. Em 1961, Luiz Gonzaga entra para a maçonaria. Ele compõe com Lourival Passos a música ALVORADA DA PAZ, em homenagem a Jânio Quadros que renunciou, sete meses após assumir a Presidência da República. No dia 12 de março de 1962, nasce um bebê que é adotado por Seu Januário e Dona Maria Raimunda com 03 dias de nascido. Seu Januário fez questão de registrar o menino como filho legítimo, com o nome de João Batista Januário. João Batista continua morando em Exu, honrando o nome da Família Januário.

Em 1962 a parceria da dupla (Gonzaga e Zé Dantas), se desfaz por ocasião do falecimento de Zé Dantas. Em 1963, o REI DO BAIÃO gravou A MORTE DO VAQUEIRO, uma homenagem a seu primo Raimundo Jacó “morto covardemente”. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga foi surpreendido com o roubo que fizeram de sua sanfona e conhece o poeta cearense PATATIVA DO ASSARÉ, de quem grava em 1964 a música A TRISTE PARTIDA. Em 1964 Luiz Gonzaga faz uma homenagem a Sanfona Branca roubada, com a música SANFONA DO POVO. Em 1966 Sinval Sá, lança o livro O SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA, VIDA E ANDANÇAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO, pela edições A FORTALEZA. No ano de 1968, o compositor e versionista Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música ASA BRANCA, mas foi só brincadeira, THE BEATLES não gravaram e o sucesso de Gonzaga começou a voltar na década de 70. Em 1970 Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira entram na Coleção História da MPB, editada pela Abril Cultural. Em 1971 Luiz Gonzaga recebeu o título de “IMORTAL DA MÚSICA BRASILEIRA”, pela TV TUPÍ do Rio de Janeiro. Em 1972 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão de Caruaru. Foram os papas do tropicalismo Gilberto Gil e Caetano Veloso, que proclamaram solenemente que a moderna canção popular brasileira deitava raízes também na arte antemporal de Luiz Gonzaga. No dia 24 de março de 1972 no Teatro Carioca Tereza Raquel – Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga faz uma apresentação com o título: “LUIZ GONZAGA VOLTA PRA CURTIR”, realizando-se assim, sua volta triunfal. Naquela noite Luiz Gonzaga faz uma síntese falando de toda a sua carreira musical. Naquela oportunidade relatou sua estima pelo o estado do Ceará, dizendo: “É por isso que eu costumo dizer que uma banda minha é pernambucana e a outra banda é cearense!”

No ano de 1973, o Rei do Baião resolve deixar a RCA Victor e passa a gravar na Emi-Odeon. Ainda em 1973 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão Paulista das mãos do governador de São Paulo. Em 1975, o Rei do Baião conheceu Maria Edelzuíta Rabelo, e correspondia com ela, com o pseudônimo de Marcelo Luiz. Em 1976 Luiz Gonzaga recebe em Fortaleza o título de Cidadão Cearense. Nos dias 13 e 20 de agosto de 1976, a TV GLOBO fez um exibição com o título de “ESPECIAL LUIZ GONZAGA”, tendo a participação de Seu Januário. Em 1977 Luiz Gonzaga entrou na Versão Brasileira da Enciclopédia Universal Britânica. Seu Januário faleceu num dos duplex do PARQUE ASA BRANCA em Exu no dia 11 de junho de 1978. Para sua alegria, no ano de 1980 Luiz Gonzaga canta em Fortaleza para o Papa João Paulo II, que lhe agradeceu ao pegar em sua mão dizendo: “OBRIGADO, CANTADOR!”. Luiz Gonzaga fica envaidecido. Em 1981 o velho Lua recebe os dois únicos discos de ouro de toda sua carreira ( vale ressaltar que é segundo Assis Ângelo e Gildson Oliveira, segundo Dominique Dreyfus Luiz Gonzaga ganhou mais discos de ouro). Neste mesmo ano, Gonzaga fica feliz quando consegue pacificar Exu. Foi ao encontro do Presidente da República em exercício para lhe pedir intervenção e disse: “Dr. Aureliano, faça um esforço para levar a paz à minha terra!”. Tempos depois feliz com a paz conseguida para sua terra, em entrevista Luiz Gonzaga diz ao jornalista Assis Ângelo: “NINGUÉM DAVA JEITO EM EXU. EU PEGUEI AURELIANO CHAVES NUMA BOA E 15 DIAS DEPOIS ELE MANDOU INTERVIR (NA CIDADE). A INTERVENÇÃO SE ENCAIXOU QUE NEM UMA LUVA, E NUNCA MAIS HOUVE CRIME POLÍTICO LÁ”.

Em 1982 Luiz Gonzaga vai tocar em Paris a convite de Nazaré Pereira. Permaneceu em Paris dez dias, conhecendo vários pontos importantes. Em 1984 Luiz Gonzaga recebeu o PRÉMIO SHELL. Em 1985 Luiz Gonzaga é agraciado com o troféu NIPPER DE OURO, uma homenagem internacional da RCA a um artista dela. Em 1986 Gonzagão vai pela segunda vez à França, participando no dia 06 de julho de um espetáculo que reúne cerca de 15 mil pessoas no Halle de la Villete. Luiz Gonzaga foi ladeado por Alceu Valença, Fafá de Belém, Morais Moreira e Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integraram o “Couleurs Brésil”. Foi neste passeio que a jornalista francesa, DOMINIQUE DREYFUS, fala com Gonzagão na possibilidade de com ele, fazer um livro autobiográfico. Ainda em 1986 José de Jesus Ferreira lança o livro LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO: SUA VIDA, SEUS AMIGOS, E SUAS CANÇÕES.

Em junho de 1987, a escritora e jornalista DOMINIQUE DREYFUS chega ao Brasil, passando 02 meses no PARQUE ASA BRANCA em Exu. O Rei do Baião desde pequeno trazia em seus lábios um sorriso sincero e, sempre quando podia, gostava de brincar com os outros, oportunidade que aproveitava para saber como estava o sertão. Luiz Gonzaga conheceu e tocou em todos os municípios brasileiros com mais 400 habitantes, inclusive, tocou em Sobral – CE quatro vezes. Tocou pela última vez nesta cidade, terra de Dom José Tupinambá da Frota, no dia 28 de novembro de 1987. Quando Gonzagão chegava nessas cidades do interior para fazer seus shows, era anunciado por seu motorista com o seguinte anúncio: “Atenção, atenção! Vem visitar vocês Sua Majestade o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a maior expressão popular brasileira. Hoje aqui em praça pública!” A carroceria de seu caminhão servia de palco em seus shows, por este Brasil afora.

Em 1988 Mundicarmo Maria Rocha Ferreti lança o livro BAIÃO DE DOIS: ZÉ DANTAS E LUIZ GONZAGA, fruto de uma tese de mestrado. Em 1988 Luiz Gonzaga rompe novamente o contrato com a RCA. Em junho do corrente ano, Luiz Gonzaga entra com o pedido de desquite na justiça pernambucana, por já não se entender com Dona Helena. Ainda em 1988 Luiz Gonzaga passa a morar com Maria Edelzuíta Rabelo. A senhora Edelzuíta Rabelo nos fala através do livro Luiz Gonzaga: O Matuto que conquistou o mundo, o seguinte: “Amei Lula sem nada pedir ou esperar, mas sabendo que me bastava estar diante do homem mais extraordinário que já conheci, que me fez renascer e me ensinou grandes lições.”

A última entrevista de Luiz Gonzaga concedida a imprensa, foi para o jornalista Gildson Oliveira através de Ivan Ferraz no dia 02 de junho de 1989. Recife foi o local escolhido por Luiz Gonzaga para passar seus últimos momentos de vida. O último show realizado por Luiz Gonzaga foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários artistas do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas palavras: “ Boa Noite minha gente! (...) Minha gente, não preciso dizer que estou enfermo. Venho receber essa Homenagem. Estou feliz, graças a Deus, por ter conseguido chegar aqui. E estou até melhor um pouquinho. Quem sabe, né?

“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu Valença. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor.

Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.

Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mm; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (...) Muito obrigado.”

Na quarta feira, 21 de junho de 1989, às 10:00h, o velho Lua foi levado às pressas ao Hospital Santa Joana, permanecendo 42 dias internado, onde veio a falecer. Palavras de Luiz Gonzaga na UTI do hospital: “VOCÊS NÃO ME LEVEM A MAL. SINTO MUITAS DORES E GOSTO DE ABOIAR QUANDO DEVERIA GEMER.” Luiz Gonzaga travava naquele hospital uma luta imensa contra a morte, e o Brasil todo ficava cada vez mais preocupado com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga não resistiu, o Brasil e o mundo ficou enlutado com o seu último suspiro. O Asa Branca da Paz voava para a eternidade deixando um grande exemplo de vida a ser seguido.

O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de 1989, às 5:15min da manhã no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz Gonzaga dava seu último suspiro. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Recife nos dias 02 e 03 até às 9:45min da manhã, foi velado também em Juazeiro do Norte. CE, na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro às 17h, local onde repousa os restos mortais de Pe. Cícero Romão Batista, apesar de o corpo do Rei ter chegado no aeroporto de Juazeiro Norte às 15:20min do dia 03 de agosto. Palavras de Gonzaguinha ainda no aeroporto de Juazeiro: “TUDO BEM, VAMOS ENTRAR NA CIDADE. SE O POVO QUER, QUE PODEMOS FAZER?”

O corpo do Rei do Baião chegou a sua terra natal, sua querida Exu no dia 03 a noite. Foi velado na Igreja Matriz de Exu, durante a noite do dia 03 e todo o dia 04, saindo para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às 15:45min. Das centenas de coroas de flores que estavam espalhadas na igreja Bom Jesus dos Aflitos em Exu, oferecidas por fãs de Luiz Gonzaga, estava esta que o repórter Gildson Oliveira transcreveu a seguinte mensagem: “Amado Lula: o silêncio acende a alma... O País canta sua voz... Os pássaros se entristecem com a partida da Asa Branca, mas fica em nossos corações a sua história. E a nossa festa é esta. Quem crê em Cristo, mesmo que esteja morto viverá.”

O corpo de Luiz Gonzaga foi levado no carro corpo de bombeiros, passando por diversas ruas da cidade rumo ao Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram as últimas manifestações de carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu a sepultura depois que Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20 mil pessoas cantarem a música ASA BRANCA às 16:50min. Luiz Gonzaga foi embalado no seio da terra na sexta feira, no mesmo dia da semana, que ele nasceu. Uma outra coincidência é que ele morreu no amanhecer do dia, assim como ele nasceu no amanhecer do dia 13 de dezembro de 1912.

Em 1990 foi lançado pela Editora Martin Claret o livro LUIZ GONZAGA, VOZES DO BRASIL. O filho Gonzaguinha depois de ter passado 15 dias em Exu falando aos amigos sobre a preservação do Parque Asa Branca, veio a falecer subitamente por ocasião de um acidente automobilístico na manhã do dia 29 de abril de 1991, morrendo no mesmo dia. Em 1991 o jornalista Gildson Oliveira lançou o livro LUIZ GONZAGA, O MATUTO QUE CONQUISTOU O MUNDO. Sua esposa, Dona Helena Gonzaga, conhecida por “MADAME BAIÃO”, faleceu na manhã do dia 04 de fevereiro de 1993 na Casa Grande do Parque Asa Branca.

Em 1994 o cordelista Pedro Bandeira lança uma 2ª edição ampliada do livro LUIZ GONZAGA, NA LITERATURA DE CORDEL. Em 1997 a Francesa Dominique Dreyfus lança o livro VIDA DO VIAJANTE: A SAGA DE LUIZ GONZAGA. Ainda em 1997 o professor Uéliton Mendes da Silva lança o livro LUIZ GONZAGA, DISCOGRAFIA DO REI DO BAIÃO. No ano 2000 a professora Sulamita Vieira, lança o livro SERTÃO EM MOVIMENTO – a dinâmica da produção cultural, fruto de sua tese de doutorado. Ainda no corrente ano a professora Elba Braga Ramalho lançou o livro LUIZ GONZAGA: A Síntese Poética e Musical do Sertão. Fruto de sua tese de doutorado na University of Liverpool, na Inglaterra. Em dezembro 2001 eu, este pequeno devoto do Rei do Baião, escrevi um opúsculo em homenagem ao Rei do Baião, intitulado: "Luiz Gonzaga, o Asa Branca da Paz". Graças a Deus consegui a apresentar a Chiquinha Gonzaga, irmão do Rei do Baião, e recebi dela a aprovação do trabalho.



Biografia - Por José Fábio da Mota

A escolha do nome de Gonzaga


Foi numa Sexta-feira, 13 de Dezembro de 1912, lá pras bandas do Exu, a 700 km de Recife, numa casa de barro batido, no Sítio Caiçara, nascia Luiz Gonzaga, o segundo filho de Ana Batista de Jesus (Dona Santana) e Januário José dos Santos.

A escolha do nome de Gonzaga, foi diferente dos oito irmãos, denominados: João, Joca, José, Severino, Aluizio, Socorro, Geni e Chiquinha. Ele deveria se chamar Januário, sobrenome do pai, mas um fato impediu que isto acontecesse. Naquela madrugada de calor, Januário foi para o terreiro da casa, onde soprava o cantarino que vinha do sovaco da serra. Correu uma "zelação" pelo céu, estrela de luz cadente, o velho toma um susto. Santana dá a luz a e o marido desentaboca um tiro de garruncha para anunciar o nascimento do filho, é dia de Santa Luzia e mês que se comemora o nascimento de Cristo. Por nascer no dia 13 o pai dá o nome Luiz em homenagem ao santo do dia e durante o batizado por sugestão do vigário acrescenta-se ao nome Luiz o sobrenome Gonzaga para completar o nome do santo e, ainda, o sobrenome Nascimento por ser o mês do nascimento de Cristo.

Aos sete anos de idade já pegava na enxada, nas horas de folga, ouvia com atenção os sons tirados da sanfona pelo pai, e com dez anos já animava sambas ao lado de Januário, em vários terreiros do Sertão do Araripe. Como todo adolescente, em suas diversões havia também os banhos de rio, as caçadas, os animados dias de feira e o sonho de um dia entrar para o bando de cangaceiros do capitão Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Assim cresceu o filho de Januário, agora sobre a proteção do fazendeiro Manoel Aires de Alencar. As filhas do patrão lhe ensinaram as primeiras letras, a falar corretamente e a comer com talheres. Mais tarde com a ajuda do Senhor Aires, Luiz consegue comprar sua primeira sanfona da marca Veado em Ouricuri-PE.

O maior desejo de Gonzaga era a música, era ser artista. E este impulso aflora ainda mais quando retornava dos bailes em Granito, Baixio dos Doidos, Rancharia e Cajazeira do Faria, onde ia apé, percorrendo doze léguas de ida e doze de volta no compasso da "pataca cruzada" das alpacartas de rabicho e da roupa de brim azul, que lhe enchia de orgulho quando se apresentava nas festas.

Aos dezessete anos Luiz Gonzaga apaixonou-se por Nazarena Milfont (Nazinha), menina de posses pertencente a uma tradicional família de Exu, mas logo o namoro foi proibido, pois para o pai da menina ele não passava de um tocadorzinho. Gonzaga chateado decidiu desafiá-lo, comprou uma faca, tomou umas e outras e saiu para conversar com Coronel Raimundo Diolindo que deu o dito pelo não dito. Enquanto ele se gabava com os colegas, seu Raimundo foi procurar Santana e disse que só não tinha matado Gonzaga por ser seu filho. Quase sem acreditar no que estava ouvindo, Santana procura apoio e segurança nos braços de Geni, sua filha mais velha. Indignada, só pensava em voltar para casa o mais depressa possível. Anoitece e os céus de Exu entoam a ave-maria, meio desconfiado e já pressentindo maus momentos, Gonzaga retorna para casa. Santana Está refugando com Januário e o filho não percebe que ela está muito nervosa, segurando uma forte chibata de jumento. De porta trancada, inteiramente possuída pelo rancor, baixa a chibata no rapaz, ajudada por Januário. Quando finda a sessão de pancadaria, com o lombo ardendo do relho, fugiu para o mato. Por quase uma semana, viveu como bicho do mato, no matagal da Serra do Araripe, enquanto curava as dores da alma e do corpo. Sem conversar com ninguém, apenas medita sobre os rumos de suas futuras estradas. Numa sombria manhã de Domingo ainda recentido pela implacável punição, para ele um justo castigo, faminto e sedento, resolve voltar para casa, acontece o primeiro "olho no olho" com Santana e logo percebe em seus pesarosos olhares, sinais de arrependimento. Luiz Gonzaga mente para a mãe dizendo ter sido contratado para a feira de Crato-CE. Envergonhado de tudo e depois da rápida conversa com a mãe, parte para o Crato deixando para trás seus amigos e o ser primeiro grande amor. Chegando no Crato pega o trem para Fortaleza, onde voluntariamente alista-se no exército. Um ano depois estoura a revolução no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba; o então soldado número 122, corneteiro, segue com o 22.º Batalhão de Caçadores para Souza-PB, ainda em missão segue para o Pará, Ceará, Piauí, para o interior do Rio de Janeiro, belo Horizonte e Campo Grande. Ganha fama no exército e um apelido : bico de aço, por ser um excelente corneteiro. Em Minas conhece Dominguinhos Ambrósio, sanfoneiro que também estava no exército e com quem estudou e aprendeu as músicas mais populares de então. Foi transferido para outra cidadezinha mineira, Ouro Fino, chegando lá se apresentou como sanfoneiro num clube local.

Em 1939 deixa o exército, o então aventureiro segue para São Paulo. Disposto a comprar uma sanfona nova, nesse mesmo ano volta para o Rio de Janeiro, onde daria baixa no exército, passando a se apresentar nos bares cariocas do mangue, tocando fados, foxes, valsas e tangos, em dupla com o guitarrista português, Xavier Pinheiro. Atuava também em cabarés da Lapa e festinhas, além de tocar na rua passando o pires para recolher o dinheiro.

Em 1940 começa a apresentar-se em programas de rádio como calouro, nos programas de: Silvinho Neto e Ari Barroso, apresentando um repertório estrangeiro, foi muito criticado e satirizado, um início muito difícil e sem êxito até o dia em que um grupo de estudantes cearenses comentou que ele deveria se voltar para as músicas do sertão Nordestino. Iniciando-se assim a mais sólida trajetória da música popular brasileira. No programa de Ari Barroso, cantou um chamego de sua própria autoria o "vira e mexe" obteve grande sucesso. A partir daí com a boa receptividade, passou a participar de vários programas de rádio e em 1941, depois de acompanhar Genésio Arruda em gravação, foi convidado a gravar como solista, aceita e dá-se bem. Lançou dois discos pela Victor com uma mazuca, "véspera de São João", duas valsas, numa serenata, "saudades de São João Del Rei" e o "chamego" de sua autoria. Neste mesmo ano seria contratado pela rádio clube do Brasil, mantendo um bom número de participação na rádio de então.

Um pouco mais tarde se transferiria para Rádio Tamoio, continuando a gravar como sanfoneiro na Victor. Em 1943 conseguiu grande êxito com "chamego" uma parceria com Miguel Lima e gravada por Carmem Costa. Todo mundo queria saber o que era o chamego, pois não sabiam se era branco, mulato ou negro. Já era lua ousando em cima de temas populares. Pois nesta época também gravaria pela primeira vez como cantor, lançando a mazurca "dança mariquinha". Outra parceria com Miguel Lima.

Em 1944, há outra mudança, é despedido da Rádio Tamoio, e imediatamente foi contratado pela Rádio Nacional, onde então, o radialista Paulo Gracindo o apelidou de "LUA", por causa do seu rosto redondo. O velho Lua, sanfoneiro arretado de bom continuou compondo com Miguel e conseguindo mais sucesso com as músicas: "dizessete setecentos", um calango gravado pelo cantor Manezinho Araújo.

Em 1945 tornou-se parceiro de Humberto Teixeira, com quem compôs vários dos maiores sucessos de sua carreira. A lista é comprida. Enverga desde "Baião" lançada pelos Quatro Ases e um Coringa, em 1946, com Humberto Teixeira, compõe e grava a primeira de uma série de dezoito parcerias: "NO MEU PÉ DE SERRA", o sucesso é imediato e o seu nome começa a correr o mundo: Europa, EUA, Japão... além de "NO MEU PÉ DE SERRA", com Teixeira compôs, entre outras , "BAIÃO", "ASA BRANCA", "JUAZEIRO", "LÉGUA TIRANA", "ASSUM PRETO", "PARAÍBA" e "RESPEITA JANUÁRIO". Em março de 1947 grava Asa Branca, um de seus maiores sucessos que praticamente veio descontinuar as marzelas nordestinas e quase ganhou gravação dos Beatles.

Além de Nazinha, nomes como: Maria do Egito, Wilma, Odaléia, Santa, Isis, Maria dos Anjos e muitos outros marcaram a vida do cantor. Entre amores passageiros, nascidos da boêmia, e aqueles assumidos formal ou publicamente, em suas andanças como artista cultivou grandes paixões. Paixões estas que mais tarde foi presenteado. Odaléia uma mulher que foi durante muito tempo sua amante, lhe deu um filho o qual por sugestão do pai passou a ser chamado de Luiz Gonzaga do Nascimento Junior ( Gonzaguinha), e como filho de peixe, peixinho é, este mais tarde de tornaria uma das maiores expressões da música popular brasileira, e ainda neste mesmo ano já separado de Odaléia, no auge do sucesso, Luiz Gonzaga conhece a pernambucana de Gravatá, Helena Neves Cavalcanti, contadora de uma firma carioca. O encontro foi na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, onde ela esteve acompanhada de sua mãe Mariêta, em visita ao cantor confessando ser uma das suas grandes admiradores, daí surgiu o namoro, que durou até 16 de julho de 1948, com o casamento dos dois, após ter recebido aprovação de Santana. Esta convivência durou 40 anos apesar de ser uma relação muito difícil, inclusive por conta da presença de sua sogra Mariêta, que passou a morar na companhia do casal até sua morte, interferindo negativamente na vida dos dois, mas Lula soube suportar pacientemente. Outro problema enfrentado por ele no início do casamento foi em relação a Gonzaguinha, Helena recusa-se a criar o mesmo após morte de Odaléia. A outra filha Rosinha foi adotada por imposição de Helena e contra a vontade de Gonzaga. O pai adotivo e Rosinha nunca tiveram um bom relacionamento.

Em 1949, lançou com Humberto Teixeira uma composição de destaque, "Mangaritiba" e depois Paraíba e Baião de Dois. Nessa mesma época, já em Recife, conhece um novo parceiro o médico José de Souza Dantas ( Zé Dantas ), com quem Lua também assina um bom número de sucessos, começaram com "Cintura Fina" e a "Volta da Asa Branca". Três anos mais tarde lançaram "ABC do Sertão" e ainda "Algodão", "Vozes da Seca" e "Paulo Afonso" era a década de ouro do baião. Luiz Gonzaga no auge, com enorme popularidade é consagrado Rei do Baião, gênero que praticamente introduziu e mais do que ninguém divulgou o Baião no centro-sul do país.

Em 1961 participa da festa de São João, no América Futebol Clube, entra para a Maçonaria e junto com Lourival participa de uma caminhada da paz em homenagem a Jânio, Presidente da República. Daí em diante começaria a se afastar do cenário artístico, preferindo refazer o velho caminho. Voltava a se apresentar em cidades do interior, onde continuava muito popular. Em 1962, morre o seu parceiro Zé Dantas, mesmo com a bossa nova e as tendências estrangeiras troando nas rádios, Luiz Gonzaga não perdia a sua pose de Rei. Gilberto Gil citou-o como uma das suas principais influências, ainda no início da sua carreira. Em 1963 conhece o cearense Patativa do Assaré de quem no ano seguinte grava " A TRISTE PARTIDA" sua música predileta a qual ele cita numa entrevista ao jornal Diário do Nordeste.

Durante a década de 70 chegou a ter várias músicas gravadas por outros artistas como: Caetano Veloso, que regravou "Asa Branca" e em março de 1972 fez um show no Teatro Tereza de Raquel- Rio de Janeiro - enfrentando uma platéia formada basicamente de estudantes e artistas . Responsável pela valorização da música nordestina, principalmente o baião, atravessara mais alguns anos para explodir mesmo em pleno êxito anos 80.

Em 1975, num vôo Recife - Brasília, finalmente Gonzaga selou o seu grande último amor, Maria Edelzuita Rabelo, natural de São José do Egito, no Sertão Pernambucano. Ambos haviam se conhecido em 1968, num casamento matuto em Caruaru, quando era a suposta noiva de Otrope, parceiro do conhecido "Coronel Ludugério" e ele o juiz. Mas foi na escala demorada em Salvador que os dois se apaixonaram, começando um romance que ficou no anonimato durante 13 anos.

Em 1980 em Fortaleza canta para o João Paulo II, que lhe agradece "OBRIGADO CANTADOR". Fica agradecido. Em 1981 recebe os dois únicos discos de ouro de toda a sua carreira . Em 1982 decide voltar para sua terra natal e adotando o slogan O Rei Volta Para Casa, realiza uma das maiores festas que o povo de Exu jamais vira. O show foi realizado no Parque Asa Branca com a presença de vários artistas famosos como Elba Ramalho, Fagner e outros. Às apresentações de palco iniciaram-se às 22:00 horas do dia 12 de Dezembro e às 24:00 horas no meio do silêncio começou a queima de fogos e logo em seguida todos juntos artistas e povo de Exu cantam a música de parabéns passagem do seu septuagésimo aniversário. Em 1984 é agraciado com o troféu Nipper de Ouro. Em 1986 vai à França e no dia 06 de julho participa de um espetáculo que reúne cerca de 15 mil pessoas no Halle de La Villete, ao lado de Alceu Valença , Fafá de Belém, Morais Moreira e Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integram os Coleurs de Brésil.

Em 1987 atendido pelo médico Amauro Medeiros, depois de vários exames é constatado e histologicamente comprovado o câncer, um carcinoma de próstata imediatamente comunicado a família. Em 1988 o velho Lua, toma a decisão de deixar Helena e no início da doença que o levaria a morte. Passa a dormir sozinho em um dos apartamentos do parque, porque não aguentava mais subir as escadas do seu quarto, no casarão. As dores nas pernas iam a cada dia tornando-se mais frequentes, deixando-o noites em claro sem dormir. E nestes momentos de muita dor e sofrimento que o velho Lua com o coração apertado de saudades de Edelzuita, mesmo com um mal que não conseguia lhe dominar dava umas fugidinhas até o posto de serviço para falar com "meus amor" - como dizia ele. Este mesmo período coincidiu com a doença dela, cujo diagnóstico foi leucemia crônica e não suportando a saudade, a distância e preocupado com a saúde de Edelzuita, além de haver agravado sua enfermidade, o velho cantador resolve romper todas as barreiras e muda-se de vez para o edifício Cerejeira, em Boa Viagem, Recife. Chega dizendo a Edelzuita - "vim cuidar de você, e você cuidar de mim". Assume publicamente a nova mulher, com quem viveu os grandes momentos de sua vida. Um amor sofrido, resignado, "escondido do mundo" de feito de altos e baixos, mas marcado por emoções fortes principalmente quando estavam juntos feito dois adolescentes apaixonados e esquecidos das barreiras que os separavam. Já no fim da vida Gonzaga lamentava não ter tido a coragem de assumi-la, antes por conta de preconceitos e medo de ser submetido aos mais diversos julgamentos.

Dia 06 de junho de 1989 às 22:00 horas, pálido numa cadeira de rodas, ao lado da mulher Edelzuita e do médico particular Paulo Almeida, Gonzaga vestido a caráter, de chapéu de couro e gibão, chega ao Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco, para o último show da sua carreira, cansado e com progressiva perda de memória, já não lembrava se quer de "Asa Branca" um dos primeiros sucessos. Mas era visível naquele momento, a preocupação dele em falar, expressar sua gratidão aos amigos e ao povo que tanto admira - "meus amigos, terminou mais eu quero dizer algumas palavras. Agradeço ao meu querido amigo e professor Aldemar Paiva . Tem outro nome que eu não vou esquecer nunca: Dominguinhos, Waldonys, sanfoneiro da nova geração, Pinto do Acordeon e toda essa turma boa do nordeste. Ninguém vai acabar com o forró. Não vai, porque essa é a música do povo". Quando falou de Exu sua terra natal caiu no pranto. Exu berço do Gonzagão e do forró de pé de serra.

A certeza do Rei do Baião infelizmente não se concretizou: ficou apenas em sua vontade de viver e continuar cantando. A noite do adeus a última presença física no palco.

Na quarta-feira 21 de junho , às 10:00 horas o velho Lua é levado às pressas ao Hospital Santa Joana. Permanecendo internado quarenta e dois dias na UTI, os contratos para a temporada que faria em Pernambuco, Paraíba e Ceará foram todos canceladas. Nos momentos de dor e sofrimento, Gonzaga preferia cantar suas antigas canções, Mesmo na unidade de tratamento intensivo, poucos dias antes de morrer preferiu trocar seus gemidos por estridentes e prolongados aboios que ressoavam pelos corredores, depois dava uma olhadinha para os outros doentes que estavam na UTI, desculpava-se humildemente - "vocês não me levem a mal. Sinto muitas dores gosto de aboiar quando deveria gemer".

Uma pneumonia contraída devido a debilidade física em que se encontrava o cantor e compositor, além da osteoporose que já o afligia, encerrou às 5 horas e quinze minutos do dia 02 de agosto de 1989 a vida, aos 76 anos, o nosso maior cancioneiro Luiz Gonzaga. Seu último suspiro foi ao lado do seu último grande amor Edelzuita. Logo em seguida o corpo do velho cantador é colocado numa ambulância e é levado para o Hospital Osvaldo Cruz a fim de ser formolizado. Do hospital o povo de Recife presta sua última homenagem, saem num cortejo de 15 quilômetros a pé pelas ruas do Recife acompanhando o carro do corpo do corpo de bombeiros para a Assembléia Legislativa, onde ficou exposto à visitação pública até a quinta-feira dia 03, às 8:00 horas Dom Hélder Câmara rezou uma missa de corpo presente. O caixão levando o corpo do rei do Baião sai da Assembléia Legislativa às 9 horas e 46 minutos em cortejo para o Aeroporto dos Guararapes e somente às 13 horas e 16 minutos, depois de quase quatro horas percorrendo as ruas e avenidas do Recife, o corpo chega ao aeroporto e embarca com destino a Juazeiro do Norte-CE e de lá seguiu para sua terra natal inspiração para muitos dos seus sucessos, onde o povo com muita tristeza recebia o corpo do inesquecível cantador e tocador de sanfona, para prestar-lhe a última homenagem. Seu corpo foi velado na Igreja Matriz Bom Jesus dos Aflitos, durante toda a noite ficando exposto à visitação pública para que todos seus fãs pudessem prestar-lhe a última homenagem, foi celebrada uma missa de corpo presente pelo Padre Gotardo e em seguida o corpo sai em cortejo pelas ruas de Exu, acompanhado por uma multidão de fãs: jovens, velhos e crianças cantando suas músicas com muita tristeza e dor, até o cemitério São Raimundo onde foi sepultado.

"Mas quem diria que um moleque bochudo, zambeta, cabeça de papagaio, feio pa peste", acabaria conquistando o mundo como a majestade do Baião.


Biografia por Cida Carvalho

Traduzido do portuques para inglês

It was a Friday, December 13, 1912, there purchases bands Exu, 700 km from Recife, in an adobe house, the site Rascal, born Luiz Gonzaga, the second son of Ana Batista de Jesus (Dona Santana) José dos Santos and Gennaro.

The choice of the name of Gonzaga , was different from the eight children, namely: John, Joca, Joseph Severino, Aluizio, Socorro, Geni and Chiquinha. He should be called Gennaro, father's surname, but a fact prevented this from happening. That night heat, Gennaro went to the yard of the house, where blowing Cantarino coming from the armpit of the mountain. He ran a "zelação" the sky, shooting star of light, the old man takes a fright. Santana gives birth aeo desentaboca husband shot a grommet to announce the birth of his son, is Santa Lucia day and month that celebrates the birth of Christ. For 13 days in the birth parent gives the name in honor of Louis Saint of the day and during the baptized by the vicar's suggestion adds to the name the surname Luiz Gonzaga to complete the name of the saint and also the name for being the Birth months of the birth of Christ.

At seven years old, he took the hoe in his spare time, listened with attention drawn to the sounds of the accordion by his father, and ten years have encouraged sambas alongside Gennaro, several yards in the hinterland of Araripe. Like any teenager, there was also entertainment in their baths in the river, hunting, the lively days of the fair and the dream of one day joining the band of outlaws Captain Virgulino Ferreira da Silva, the Highwayman. Thus grew up the son of Gennaro, now under the protection of farmer Manuel Aires de Alencar. The daughters of the boss taught him the first letters, to speak properly and eating with utensils. Later with the help of the Lord Aires, Luiz able to buy his first accordion at Deer Ouricuri brand-PE.

Gonzaga's greatest desire was music, was an artist. And this impulse emerges even more when he returned the balls in Granite, Shoal of crazy, Ranchi and the Cajazeira Faria, which would only, covering twelve and twelve miles round trip back in time with the "cross-pataca" alpacartas of the tail and clothing blue jean, which filled him with pride when he performed at parties.

At seventeen Luiz Gonzaga fell in love with Milfont Nazarene (Nazinha), girl of possessions belonging to a traditional family of Exu, but soon the dating was banned, because for the girl's father he was only a tocadorzinho. Upset Gonzaga decided to challenge him, he bought a knife, and took each other and went to talk to Colonel Raymond said that he gave diol by unsaid. As he boasted to colleagues, Raimundo Santana was looking for and said he had not only killed his son to be Gonzaga. Hardly believing his ears, Santana seeks support and security in the arms of Geni, his eldest daughter. Indignant, thought only of returning home as soon as possible. Night falls and the skies of Exu sing the Ave Maria, already sensing a little suspicious and bad times, Gonzaga returns home. Santana's refuge with Gennaro and his son does not realize that she is very nervous, holding a strong whip the donkey. Door locked, fully owned by bitterness, low to whip the boy, helped by Gennaro. When the session ends of beatings, burning with the back of the appliance, fled into the bush. For nearly a week, lived like wild animals in the thicket of Serra do Araripe, and healing the pains of the soul and body. Without talking to anyone, just meditate on the direction of future roads. In a gloomy Sunday morning still fresh over the relentless punishment, a just punishment for him, hungry and thirsty and decided to return home, the first "eye to eye" with Santana and soon realizes in his sorry looks, signs of repentance. Luiz Gonzaga mind to his mother saying he had been hired for the fair in Crato-CE. Ashamed of everything and after short conversation with her mother, goes to the crater left behind his friends and being the first great love. Arriving in Crato takes the train to Fortaleza, where voluntarily enlists in the army. A year later the revolution broke out in Rio Grande do Sul, Minas Gerais and Paraiba, the then number 122 soldiers, bugler, follows with 22. Battalion of Hunters to Souza-PB, still goes to the Mission Para, Ceara, Piaui to the interior of Rio de Janeiro, Belo Horizonte and Campo Grande. Gain fame in the army and a nickname, steel-toed, being an excellent trumpeter. In Minas knows Dominguinhos Ambrose, accordionist who was also in the army and with whom he studied and learned the most popular songs of the time. He was transferred to another mining town, Ouro Fino, arriving accordionist himself as a local club.

In 1939 the army leaves, the adventurous then goes to Sao Paulo. Willing to buy a new accordion, the same year back to Rio de Janeiro, where he would retired from the army, going to perform in Rio de Janeiro bars of the swamp, playing fado, fox trots, waltzes and tangos, a duet with guitarist Portuguese, Xavier Pinheiro. Also acted in cabarets and parties of Lapa, in addition to playing in the street passing the saucer to collect the money.

In 1940 begins to appear on radio as a freshman in the program: Silvinho Neto and Ari Barroso, introducing a foreign repertoire, was highly criticized and satirized, beginning a very difficult and unsuccessful until the day that a group of Ceará students commented that he should return to the music of the Northeast. Thus began the most solid track record of Brazilian popular music. Ari Barroso in the program, sang a cuddle of her own to "turn and move" a great success. From there with a good reception, has participated in various radio programs and in 1941, after accompanying Genésio Arruda on record, was invited to record as a soloist, accept and get along well. By Victor released two albums with a mazuca, "Eve of Saint John", two waltzes, a serenade, "miss São João del Rei" and "cuddle" of his own. In the same year was hired by the radio club in Brazil, holding a good number of participation in the radio then.

A little later moved to Radio Tamoio, continuing to record as the accordionist Victor. In 1943 achieved great success with "cuddle" a partnership with Miguel Lima and recorded by Carmem Costa. Everyone wanted to know what was the cuddle, they did not know if it was white, black or mulatto. It was over the moon daring popular topics. For this time also first recorded as a singer, releasing the mazurka "dance sissy". Another partnership with Miguel Lima.

In 1944, another change is dismissed from Radio Tamoio, and immediately was hired by Rádio Nacional, where then the radio Gracindo dubbed Paul "Moon" because of his round face. The old Moon, accordionist arret continued good writing with Michael and achieving more success with the songs: "dizessete seven hundred," a lizard recorded by singer Manny Araujo.

In 1945 he became partner Humberto Teixeira, who composed several of the biggest hits of his career. The list is long. He wears long "bay" launched by the Four Aces and a Joker in 1946 with Humberto Teixeira, composes and writes the first of a series of eighteen partnerships: "IN MY FOOT OF MOUNTAIN", success is immediate and your name starts to run the world: Europe, USA, Japan .. beyond "IN MY FOOT OF SERRA," Teixeira wrote, among others, "Bay", "Asa Branca", "Juazeiro", "A league TIRANA," "Assum Preto", "Paraiba" and "RESPECT JANUÁRIO." In March of 1947 records Asa Branca, one of his biggest successes came almost discontinue Marzel Northeast and nearly won Beatles recording.

Besides Nazinha, names like Mary of Egypt, Wilma, Odalis, Santa, Isis, Lady of the Angels and many others marked the life of the singer. Among passengers love, born of bohemian, and those made formally or publicly, in his wanderings as an artist grew great passions. Those passions which later was presented. Odalis a woman who has long been his mistress bore him a son who at the suggestion of his father came to be called Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (Gonzales), and as like father like son, this later become a of the greatest expressions of Brazilian popular music, and even in the same year as separate Odalis at the height of success, Luiz Gonzaga knows of Pernambuco Gravesend, Helena Neves Cavalcanti, an accountant firm in Rio. The meeting was on Radio National, of Rio de Janeiro, where she was accompanied by her mother Marietta, visiting the singer confessing to be one of his great admirers, then came the courtship, which lasted until July 16, 1948, with marriage of two, after receiving approval of Santana. This coexistence lasted 40 years despite being a very difficult, even because of the presence of her mother Marietta, which became the couple live in the company until his death, negatively affect the lives of two, but Lula learned to endure patiently. Another problem for him early in their marriage was over Gonzales, Helen refuses to create the same after the death of Odalis. The other daughter Rosie was adopted by Helen and against imposition of the will of Gonzaga. The adoptive father and Rosie never had a good relationship.

In 1949, launched with Humberto Teixeira highlight a composition, "Mangaritiba" and then Paraíba and the Bay of Two. At the same time, as in Recife, a new partner knows the doctor José de Souza Dantas (Zé Dantas), with whom Moon also sign a number of successes, beginning with "waist" and "Volta da Asa Branca". Three years later he released "ABC of the Hinterland," and "Cotton", "Voices of Drought" and "Paulo Afonso" was the golden decade of the ballad. Luiz Gonzaga at its peak, is devoted to the enormous popularity of the King Baião, genre and introduced almost more than anyone released the ballad in the center-south.

In 1961 participates in the feast of St. John in the American Football Club, joins the Freemasons and Lourival along with participating in a peace walk in honor of Quadros, President of the Republic. Thereafter begin to move away from the art scene, preferring to redo the old way. Returned to perform in cities, where she had been very popular. In 1962, your partner dies Zé Dantas, even with bossa nova and trends in foreign radios roaring, Luiz Gonzaga did not lose his pose of Gilberto Gil King cited it as one of their main influences, still in its early career. In 1963 Ceará Patativa know who's in Bakersfield next year he recorded "THE SAD DEPARTURE" his favorite song which he cites an interview with the newspaper Diario do Nordeste.

During the 70's even had several songs recorded by other artists such as Caetano Veloso, who re-recorded "Asa Branca" and in March 1972 did a show at Teatro Tereza Rachel-Rio de Janeiro - facing an audience made up primarily of students and artists. Responsible for the valuation of Northeastern music, especially the ballad, crossed a few more years to go off even in 80 years full success.

In 1975, a flight Recife - Brasilia, Gonzaga finally sealed his last great love, Mary Edelzuita Rabelo, a native of St. Joseph of Egypt, in the Pernambuco backwoods. Both had met in 1968, a hillbilly wedding in Caruaru, when it was supposed Otrope bride, a partner of known "Colonel Ludugério" and he will judge. But it was delayed in Salvador on the scale that the two fell in love, beginning a romance that was in obscurity for 13 years.

In 1980 in Fortaleza sings to John Paul II, thank you "THANK Cantador". Is thankful. In 1981 he received the only two gold records for his entire career. In 1982 decides to return to their homeland and adopting the slogan King back home, one of the biggest parties held that the people of Eshu had ever seen. The show was held at Asa Branca Park attended by many famous artists like Elba Ramalho, Fagner and others. At stage performances began at 22:00 pm on Dec. 12 and 24:00 hours in the stillness fireworks started and soon all together artists and people of Exu sing the song of congratulations passage of his seventieth birthday. In 1984 the trophy is awarded Golden Nipper. In 1986 and going to France on 6 July attends a show that brings together about 15,000 people in the Halle de la Villette, along with Alceu Valenca, Fafa de Belém, Morais Moreira and Aerosmith, among other artists who integrate Coleurs the Brésil.

In 1987 Amaury Medeiros see the doctor, after several tests and is seen histologically confirmed cancer, a prostate cancer family immediately reported. In 1988 the old moon, takes the decision to leave Helena and the onset of the disease that would lead to death. Goes to sleep alone in an apartment of the park because she could not stand up the stairs to her room, in house. The leg pains were every day becoming more frequent, leaving him sleepless nights without sleep. And in these moments of great pain and suffering that the old moon with a heavy heart Edelzuita to miss, even with an evil that could not give you master each fugidinhas to the service station to talk with "my love" - ​​as he said. This same period coincided with her disease, whose diagnosis was chronic leukemia and not supporting the longing, distance, and worried about the health of Edelzuita, besides having aggravated his illness, the old singer decides to break all barriers and move from Cherry time for the building, in Boa Viagem, Recife. Enough telling Edelzuita - "come after you, and you take care of me." Publicly takes new wife, with whom he lived the great moments of his life. A love suffered, resigned, "hidden from the world" made of ups and downs, but marked by strong emotions, especially when they were together like two teenagers in love and oblivious to the barriers that separated them. By the end of life Gonzaga regretted not having had the courage to take it before because of prejudice and fear of being subjected to the judgments of various kinds.

Day June 6, 1989 at 22:00 hours, pale in a wheelchair, beside his wife and physician Edelzuita Paulo Almeida, Gonzaga dress the character, leather hat and leather jacket, arrives at the Teatro Guararapes Center Pernambuco Convention for the last show of their career, tired and progressive loss of memory, no longer wants to be reminded of "Asa Branca" one of the first successes. But it was visible at that time, his concern to speak, to express his gratitude to friends and people he admired so much - "My friends, I mean more over a few words. I thank my dear friend and teacher Aldemar Paiva. There's another name that I will not ever forget: Dominguinhos, Waldonys, accordionist of the new generation, Pinto do Acordeon class and all that good in the northeast. No one will end up with forró. It will not, because that is the music of the people. " When he spoke of his native Exu fell into mourning. Exu Gonzagão and the birthplace of forró pé de serra.

The certainty of the King of Baião unfortunately not been realized: it was only in his will to live and continue singing. The night's last goodbye to the physical presence on stage.

On Wednesday, June 21 at 10:00 hours the old moon is rushed to the Santa Joana Hospital. Staying forty-two days hospitalized in the ICU, the contracts for the season that would in Pernambuco, Paraiba and Ceara were all canceled. In moments of pain and suffering, Gonzaga would rather sing their old songs, even in the intensive care unit, just days before his death decided to give her a loud and prolonged cries that resounded through the halls aboio, then gave a look to other patients who were ICU, humbly apologized - "you do not get me wrong. I like a lot of pain when it should aboio moaning".

Pneumonia contracted because of physical weakness that was the singer and composer, in addition to osteoporosis already afflicted, ended at 5 o'clock and fifteen minutes a day August 2, 1989 life at age 76, our greatest songbook Luiz Gonzaga. His last breath was next to his last great love Edelzuita. Soon after the body of the old singer is placed in an ambulance and was taken to the Hospital Oswaldo Cruz in order to be embalmed. The people of the hospital pays her respects Recife, leaving a trail of 15 km walk through the streets of Recife following the car's body from the fire department to the Legislative Assembly, where he was exposed to the public Thursday to 03 days , at 8:00 AM Dom Helder Camara said a Mass of Christian Burial. The coffin carrying the body of the king of Baião leaves the Legislature at 9 hours and 46 minutes in procession to the Guararapes Airport and only at 13 hours and 16 minutes, after nearly four hours through the streets and avenues of Recife, the body arrives at the airport and shipped to Juazeiro do Norte-CE and from there went to his hometown inspiration for many of their successes, where the people received with great sadness the body of the unforgettable singer and accordion player, to provide you with the respects. His body was veiled in the Bom Jesus Church of the Afflicted, all night getting exposed to the public for all their fans could pay their last respects, was celebrated a Mass of Christian Burial for Father Gotthard and then leaves the body in procession through the streets of Exu, accompanied by a crowd of fans: young, old and children singing songs with much sadness and pain, to the cemetery where he was buried São Raimundo.

"But who knew a kid bochudo, zambeta, parrot head, ugly pa pestilence" would conquer the world as the majesty of Baião.


Biography by Cida Carvalho

sábado, 24 de julho de 2010

Hino do Exu terra de Luiz Gonzaga


HINO DO EXU

Exu nossa terra querida
As margens do Rio Brígida
Antiga aldeia selvagem
Hoje nova civilização

REFRÃO
Exu terra querida
Sob um lindo céu anil
Com seu manto verde e branco
Pedacinho do meu Brasil

Orgulhosos sempre seremos
Desse teu nome Exu
Obrigado chefe Ançu
Obrigado capelão

Ar puro sem poluição
Do cantarino com seu vendaval
Amada terra dos nossos ancestrais
A tua paz é o nosso ideal

E entre as potencias
Será o futuro do sertão
O orgulho dos filhos teus
Que futuras potencias serão

Presente de gloria tu tens
Nosso Gonzaga, ”Rei do Baião”
Passado de glória também
A heroína Bárbara
E o nosso Barão

Exu dos fundadores
Exu Serra do Araripe
Nascente em volta caminha
Da natureza és um pedacinho.

AUTORA: Maria do Socorro Tavares

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A musica do Rei do baião toma conta do mundo prova disso e xote da menina!!!

O Xote Das Meninas

informe o(s) compositor(es)
Mandacaru quando fulôra na seca
É o sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjoa da boneca
É sinal que o amor já chegou no coração
Meia comprida, não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado não quer mais vestir timão

Ela só quer só pensa em namorar
Ela só quer só pensa em namorar
Ela só quer só pensa em namorar
Ela só quer só pensa em namorar

De manhã cedo, já tá pintada
Só vive suspirando, sonhando acordada
O pai leva ao doutô
A filha adoentada
Não come, não estuda, não dorme, não quer nada

Mas o doutô nem examina
Chamando o pai de lado

Lhe diz logo em surdina:
O mal é da idade
E que pra tal menina
Não há um só remédio em toda a medicina


Agora em Inglês

Compositor: Zédantas - Luiz Gonzaga /
Letra em Inglês: Marina Elali -
Kathleen Furjanic Rey

'Cause all she wants
Is go out with the boys
That's all she wants

Early in the morning
She is all made up
Her days are full of daydreams
And nights are full of sighs
Her daddy says, my daughter
I want to understand you
I guess we need a doctor to
Find the reason why

I'm sorry, sir
But I can't help you
'Cause you're to blind to see
Your daughter's come of age
There ain't no remedy
Don't try to understand
Right now what you should do
Is set her free to live.

Som Brasil - XOTE DAS MENINAS

Luiz Gonzaga - Todos os dicos

O que é o Amor para Luiz Gonzaga


O rei conseguil traduzir nessa canção o é o amor para ele

Amor que não chora
Luíz Gonzaga

Lugar que tem chuva, tem felicidade
Amor que não chora, não sente saudade

Lugar que tem chuva, tem felicidade
Amor que não chora, não sente saudade

Lugar que tem chuva, tem felicidade
Amor que não chora, não sente saudade

Lugar que tem chuva, tem felicidade
Amor que não chora, não sente saudade

Meu amor me abandonou, eu não sei qual a razão
Hoje está fazendo um mês que eu fiquei na solidão

Ai, ai, meu amor não chorou
Ai, ai, meu amor me deixou

Ai, ai, meu amor não chorou
Ai, ai, meu amor me deixou

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Seu Lua! Seja bem-vindo ao presente e à imortalidade de sua arte, nas páginas e nos links deste site. Para Sempre!" Um forte abraço!!!

Forro in the Dark w/ David Byrne - Asa Branca

Asa Branca de Luiz Gonzaga em Inglês

Forró in the Dark with David Byrne – Asa Branca lyrics

When I heard the land was burning
Like the bonfires of São João
I asked God up there in His heaven
What is happening to us now?

What a hellfire, what a furnace,
Not a tree was left alive
And all my cattle, they lay there dying
Even my horse, dear, did not survive

And the white winged dove has flown now,
Far away from this burnt land
And so I say now, adeus Rosinha,
Know in my heart I’ll be back again

Now I live in this big city,
Such a long, long way away
But when I hear that the rain is falling,
Back to my home I’ll return someday

And the land one day will blossom,
Like the green that’s in your eyes
And I assure you, my dear Rosinha,
I will be back here, right by your side

Sucesso do Rei do baião

A feira de Caruaru, Onildo Almeida (1957)
A letra I, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
A morte do vaqueiro, Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho (1963)
A triste partida, Patativa do Assaré (1964)
A vida do viajante, Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga (1953)
Acauã, Zé Dantas (1952)
Adeus, Iracema, Zé Dantas (1962)
Á-bê-cê do sertão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Adeus, Pernambuco, Hervé Cordovil e Manezinho Araújo (1952)
Algodão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Amanhã eu vou, Beduíno e Luiz Gonzaga (1951)
Amor da minha vida, Benil Santos e Raul Sampaio (1960)
Asa-branca, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
Assum-preto, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Ave-maria sertaneja, Júlio Ricardo e O. de Oliveira (1964)
Baião, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1946)
Baião da Penha, David Nasser e Guio de Morais (1951)
Beata Mocinha, Manezinho Araújo e Zé Renato (1952)
Boi bumbá, Gonzaguinha e Luiz Gonzaga (1965)
Boiadeiro, Armando Cavalcanti e Klécius Caldas (1950)
Cacimba Nova, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
Calango da lacraia, Jeová Portela e Luiz Gonzaga (1946)
O Cheiro de Carolina, - Sua Sanfona e Sua Simpatia - Amorim Roxo e Zé Gonzaga (1998)
Chofer de praça, Evaldo Ruy e Fernando Lobo (1950)
Cigarro de paia, Armando Cavalcanti e Klécius Caldas (1951)
Cintura fina, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Cortando pano, Jeová Portela, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
De Fiá Pavi (João Silva/Oseinha) (1987)
Dezessete légua e meia, Carlos Barroso e Humberto Teixeira (1950)
Feira de gado, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Firim, firim, firim, Alcebíades Nogueira e Luiz Gonzaga (1948)
Fogo sem fuzil, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1965)
Fole gemedor, Luiz Gonzaga (1964)
Forró de Mané Vito, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Forró de Zé Antão, Zé Dantas (1962)
Forró de Zé do Baile, Severino Ramos (1964)
Forró de Zé Tatu, Jorge de Castro e Zé Ramos (1955)
Forró no escuro, Luiz Gonzaga (1957)
Fuga da África, Luiz Gonzaga (1944)
Hora do adeus, Luiz Queiroga e Onildo Almeida (1967)
Imbalança, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
Jardim da saudade, Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues (1952)
Juca, Lupicínio Rodrigues (1952)
Lascando o cano, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Légua tirana, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
Lembrança de primavera, Gonzaguinha (1964)
Liforme instravagante, Raimundo Granjeiro (1963)
Lorota boa, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
Moda da mula preta, Raul Torres (1948)
Moreninha tentação, Sylvio Moacyr de Araújo e Luiz Gonzaga (1953)
No Ceará não tem disso, não, Guio de Morais (1950)
No meu pé de serra, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
Noites brasileiras, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
Numa sala de reboco, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
O maior tocador, Luiz Guimarães (1965)
O xote das meninas, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
Ô véio macho, Rosil Cavalcanti (1962)
Obrigado, João Paulo, Luiz Gonzaga e Padre Gothardo (1981)
O fole roncou, Luiz Gonzaga e Nelson Valença (1973)
Óia eu aqui de novo, Antônio Barros (1967)
Olha pro céu, Luiz Gonzaga e Peterpan (1951)
Ou casa, ou morre, Elias Soares (1967)
Ovo azul, Miguel Lima e Paraguaçu (1946)
Padroeira do Brasil, Luiz Gonzaga e Raimundo Granjeiro (1955)
Pão-duro, Assis Valente e Luiz Gonzaga (1946)
Pássaro carão, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1962)
Pau-de-arara, Guio de Morais e Luiz Gonzaga (1952)
Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
Pé de serra, Luiz Gonzaga (1942)
Penerô xerém, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
Perpétua, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1946)
Piauí, Sylvio Moacyr de Araújo (1952)
Piriri, Albuquerque e João Silva (1965)
Quase maluco, Luiz Gonzaga e Victor Simon (1950)
Quer ir mais eu?, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1947)
Quero chá, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1965)
Padre sertanejo, Helena Gonzaga e Pantaleão (1964)
Respeita Januário, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Retrato de Um Forró,Luiz Ramalho e Luiz Gonzaga (1974)
Riacho do Navio, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
Sabiá, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1951)
Sanfona do povo, Luiz Gonzaga e Luiz Guimarães (1964)
Sanfoneiro Zé Tatu, Onildo Almeida (1962)
São-joão na roça, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
Siri jogando bola, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1956)
Vem, morena, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
Vira-e-mexe, Luiz Gonzaga (1941)
Xanduzinha, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
Xote dos cabeludos, José Clementino e Luiz Gonzaga (1967)
Antônio Nunes, meu Amor, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro (1000)
Maçons, Meus Relógios, Luiz Gonzaga e [Jackson do Pandeiro] (1500)
A minha tia godofreda weberrenta, Luiz Gonzaga, e seu tio [Antônio Nunes] (1395)

sábado, 3 de julho de 2010

A triste partida " 1964"


A Triste Partida PDF Imprimir E-mail
(Patativa do Assaré)

Meu Deus, meu Deus
Setembro passou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai
A treze do mês
Ele fez experiênça
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
Ai, ai, ai, ai
Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio
Nasceu muito além
Meu Deus, meu Deus
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
Ai, ai, ai, ai
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Meu Deus, meu Deus
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz: "isso é castigo
não chove mais não"
Ai, ai, ai, ai
Apela pra Março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Sinhô São José
Meu Deus, meu Deus
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peito
O resto da fé
Ai, ai, ai, ai
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nóis vamo a São Paulo
Viver ou morrer
Ai, ai, ai, ai
Nóis vamo a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Ai pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
Ai, ai, ai, ai
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
Meu Deus, meu Deus
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
Ai, ai, ai, ai
Em um caminhão
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
Meu Deus, meu Deus
A seca terrívi
Que tudo devora
Ai,lhe bota pra fora
Da terra natal
Ai, ai, ai, ai
O carro já corre
No topo da serra
Oiando pra terra
Seu berço, seu lar
Meu Deus, meu Deus
Aquele nortista
Partido de pena
De longe acena
Adeus meu lugar
Ai, ai, ai, ai
No dia seguinte
Já tudo enfadado
E o carro embalado
Veloz a correr
Meu Deus, meu Deus
Tão triste, coitado
Falando saudoso
Com seu filho choroso
Iscrama a dizer
Ai, ai, ai, ai
De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
Meu Deus, meu Deus
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
Ai, ai, ai, ai
E a linda pequena
Tremendo de medo
"Mamãe, meus brinquedo
Meu pé de fulô?"
Meu Deus, meu Deus
Meu pé de roseira
Coitado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
Ai, ai, ai, ai
E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo e azul
Meu Deus, meu Deus
O pai, pesaroso
Nos fio pensando
E o carro rodando
Na estrada do Sul
Ai, ai, ai, ai
Chegaram em São Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Percura um patrão
Meu Deus, meu Deus
Só vê cara estranha
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
Ai, ai, ai, ai
Trabaia dois ano,
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar
Meu Deus, meu Deus
Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
Ai, ai, ai, ai
Se arguma notíça
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
Meu Deus, meu Deus
Lhe bate no peito
Saudade de móio
E as água nos óio
Começa a cair
Ai, ai, ai, ai
Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão
Meu Deus, meu Deus
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não
Ai, ai, ai, ai
Distante da terra
Tão seca mas boa
Exposto à garoa
A lama e o paú
Meu Deus, meu Deus
Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
No Norte e no Sul
Ai, ai, a

LP: A TRISTE PARTIDA; 1964; RCA VICTOR

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Luis Gonzaga - Vida do Viajante

Luiz Gonzaga - Arquivo Trama/Radiola 03/11/08

Luiz Gonzaga - Xaxando e Cantando em filme

A Sanfona do Rei




O futuro de Gonzaga estava realmente na sanfona, profissão posteriormente executada em todo Brasil, graças as observações aos dedos ágeis de “Pai Januário”. Antes de Gonzaga completar 16 anos já era conhecido no Araripe e em toda redondeza. Aos 17 anos o filho de Januário apaixona-se por Nazarena, filha de um Alencar. O padrasto da jovem, o senhor Raimundo Deolindo sabendo da inclinação do jovem sanfoneiro pela menina-moça, resolve impedir o namoro. Luiz Gonzaga muito magoado com a situação resolve então encará-lo num sábado na feira do Exu, e disse ‘as do fim!’. Foi por causa de “Nazinha”, como a chamava, que Gonzaga levou uma surra de Dona Santana, por ocasião de seu atrevimento com o senhor Raimundo Deolindo, fugindo de casa em 1930.

Lula resolve então arranjar uma maneira de fugir de casa, foi quando com a ajuda de Zé de Elvira, com quem armou sua fuga, caminhando a pé cerca de 65Km de Exu ao Crato. Chegando no Crato Luiz Gonzaga vende ao lavrador, o senhor Raimundo Lula, sua sanfona por 80:000 rés. Essa decisão na vida de Luiz Gonzaga foi em julho de 1930, quando chega em Fortaleza e alista-se no 23º Batalhão de Caçadores do Exército, servindo no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Ceará, Piauí, Belo Horizonte, Campo Grande e no Rio de Janeiro. O então soldado de n.º 122, ganha fama no Exército e um apelido: “Bico de Aço”, por ser um excelente corneteiro. Deu baixa no Exército em Minas Gerais, no dia 27 de março de 1939 e viajou para o Rio de Janeiro, para esperar o navio que o levaria a Recife, em seguida a Exu. Resolveu então a convite de um amigo, foi ganhar a vida tocando no Mangue, com uma sanfona de 80 baixos, uma Horner branquinha, sua primeira sanfona branca comprada em São Paulo. Vale ressaltar que a partir de então, Luiz Gonzaga só usa sanfona branca até o final de sua vida.

Em 1940 Gonzaga conhece o guitarrista português, Xavier Pinheiros, e forma dupla tocando no Mangue e nas casas noturnas(cabarés), do Rio de Janeiro. Ele começou tocando músicas de Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva, começou a apresentar-se nas rádios em programas de Calouros. Em 1941 conhece Januário França, no qual transmite a Gonzaga um convite de Genésio Arruda, para acompanhá-lo numa gravação na RCA Victor. Logo em seguida é convidado para gravar um disco solo; grava dois, e nos cinco anos seguintes, Luiz Gonzaga grava cerca de 30 discos. A partir de 1941, Luiz Gonzaga já tinha o título de MAIOR SANFONEIRO NORDESTINO.

Luiz Gonzaga sofreu muito no Rio de Janeiro, para se firmar artisticamente. Com muita luta e vencendo as ironias de Ari Barroso, em 1942 Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso nas emissoras de rádio. Em 1944 ele foi despedido da Rádio Tamoio e, logo em seguida foi contratado por Cr$ 1.600.00 pela Rádio Nacional. Recebe neste ano o apelido de “Lua”, por Paulo Gracindo. Em 1945 Luiz Gonzaga conhece o futuro grande parceiro, o advogado Humberto Cavalcanti Teixeira, nascido em Iguatu, Ceará. No dia 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou seu primeiro disco em voz.

No dia 22 de setembro de 1945 nasceu Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, fruto do amor de Luiz Gonzaga com Odaléia Guedes dos Santos, cantora e bailarina profissional do coro de Ataulfo Alves. Gonzaga conviveu com Odaléia, cerca de 5 anos. Odaléia faleceu de tuberculose em 1952, quando Gonzaguinha tinha 7 anos (vale ressaltar que Gonzaguinha nesta época já morava com os padrinhos Xavier e Dina no Morro de São Carlos).

Em 1946 com Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga compõe e grava a primeira de uma série de 18 parceria: NO MEU PÉ DE SERRA. O sucesso de Gonzaga com esta música começa a ser enorme e ao mesmo tempo seu nome começa a correr pelo mundo: Europa, EUA, Japão, etc. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga resolve então rever a família, e chega em casa pela madrugada. Fica frente a frente com Seu Januário e é interrogado: “Quem é o Sinhô? Luiz Gonzaga seu filho! Isso é hora de você chegar em casa corno sem vergonha!?” Deste encontro, Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira, compõem a música RESPEITA JANUÁRIO, em homenagem àquele homem que foi o responsável pela inclinação do “negrinho fiota” para a música. Em 1947 no mês de março, Gonzaga gravou a música ASA BRANCA, que foi inicialmente refutada pelo diretor. A música ASA BRANCA começou a receber diferentes interpretações e gravações em vários países, como Israel e Itália. Em julho de 1947, na Rádio Nacional, Luiz Gonzaga conheceu Helena das Neves Cavalcanti, sua futura esposa.

No dia 16 de junho de 1948 Luiz Gonzaga casa-se com a contadora pernambucana Helena das Neves Cavalcanti, natural de Gravatá – PE, (segundo a cronologia de Assis Ângelo, Luiz Gonzaga já era estéril, mas sobre sua esterilidade fica muito oculto por ocasião de Gonzaga não dá ênfase a esta questão). Luiz Gonzaga resolve então fazer um passeio para apresentar a esposa a “Pai Januário”, que não pôde ir ao Rio de Janeiro para o casamento do filho. Neste dia 05 de abril de 1949, Luiz Gonzaga soube a caminho, que no dia anterior tinha começado em Exu um conflito político entre as famílias Alencar, Sampaio e Saraiva.

Em 1949 Gonzaga conhece em Recife o médico José Dantas de Sousa Filho. Com o novo parceiro, Gonzaga grava no dia 27 de outubro, o baião VEM MORENA e o FORRÓ DE MANÉ VITO. E o Brasil se deliciava com a boa música do “negrinho fiota”, que saiu lá das bandas do Exu para conquistar o coração dos brasileiros. No dia 01 de novembro de 1949, Seu Januário, Dona Santana, Geni, Muniz, Chiquinha, Socorro e Aloísio seguiram para o Rio de Janeiro, no caminhão comprado por Luiz Gonzaga.

Em 1950 o Lua recebe dos paulistas o título de “REI DO BAIÃO” que o consagra até nossos dias. Neste mesmo ano “Lua” grava também a toada ASSUM PRETO e os baiões QUI NEM JILÓ e PARAÍBA, Gonzaga neste período está no auge de sua carreira. A música PARAÍBA foi gravada por uma cantora japonesa Keiko Ikuta, e também pela Emilinha Borba. Em 1951 Luiz Gonzaga coroou a cantora Carmélia Alves como a “RAINHA DO BAIÃO” na Rádio Nacional, no programa “NO MUNDO DO BAIÃO” de Humberto Teixeira e Zé Dantas. No ano de 1952 Luiz Gonzaga tentou projetar para todo o Brasil, nos festejos juninos o talento musical da família através das rádios Tupi e Tamoio tendo como atração, OS SETE GONZAGAS: Seu Januário, Luiz Gonzaga, Severino Januário, José Januário (Zé Gonzaga), Chiquinha Gonzaga, Socorro e Aloísio. Em 1953 grava ABC DO SERTÃO, VOZES DA SECA e a A VIDA DO VIAJANTE. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga assume plenamente sua identidade nordestina, começando a usar o gibão de couro. No dia 09 de julho de 1954 mataram em Serrita Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga. Em 1959 Dona Marieta, mãe de Dona Helena, veio a falecer no Rio de Janeiro. O Rei do Baião não parava, andava por todo o País cantando e decantando o Nordeste. No amanhecer do dia 11 de junho de 1960, Dona Santana, mãe de Luiz Gonzaga, falecia no Rio de Janeiro, com a doença de chagas. A partir de 1960 Luiz Gonzaga começa a ser esquecido dos meios de comunicação, e faz então um desabafo a Dominguinhos: “EU VOU PARAR DE CANTAR BAIÃO, POIS NINGUÉM MAIS DÁ A MÍNIMA ATENÇÃO PRA MINHA MÚSICA. VOU COMPRAR UM TRANSISCORDE PARA VOCÊ, PRA GENTE FAZER BAILES. EU TOCO CONTRABAIXO, ENQUANTO VOCÊ TOCA ESSE INSTRUMENTO ELETRÔNICO QUE SAIU AGORA”, ( isso foi só um desabafo, pois Gonzaga continuou compondo baião até o final de sua vida). Neste ínterim Luiz Gonzaga estava muito dividido, pois Seu Januário morava sozinho no Araripe, após a morte de Dona Santana. Neste ano o Rei do Baião vinha constantemente ao Araripe para está junto de “Pai Januário”. No dia 05 de novembro de 1960 Seu Januário casa-se com Dona Maria Raimunda de Jesus, cuja celebração foi realizada por Padre Mariano. Aos 72 anos o “Vovô do Baião” demonstrava sua fé e o respeito a Igreja, testemunhando seu segundo matrimônio. Em 1961 Gonzaguinha já estava com 16 anos, passou então a morar com o pai. Em 1961, Luiz Gonzaga entra para a maçonaria. Ele compõe com Lourival Passos a música ALVORADA DA PAZ, em homenagem a Jânio Quadros que renunciou, sete meses após assumir a Presidência da República. No dia 12 de março de 1962, nasce um bebê que é adotado por Seu Januário e Dona Maria Raimunda com 03 dias de nascido. Seu Januário fez questão de registrar o menino como filho legítimo, com o nome de João Batista Januário. João Batista continua morando em Exu, honrando o nome da Família Januário.

Em 1962 a parceria da dupla (Gonzaga e Zé Dantas), se desfaz por ocasião do falecimento de Zé Dantas. Em 1963, o REI DO BAIÃO gravou A MORTE DO VAQUEIRO, uma homenagem a seu primo Raimundo Jacó “morto covardemente”. Neste mesmo ano Luiz Gonzaga foi surpreendido com o roubo que fizeram de sua sanfona e conhece o poeta cearense PATATIVA DO ASSARÉ, de quem grava em 1964 a música A TRISTE PARTIDA. Em 1964 Luiz Gonzaga faz uma homenagem a Sanfona Branca roubada, com a música SANFONA DO POVO. Em 1966 Sinval Sá, lança o livro O SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA, VIDA E ANDANÇAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO, pela edições A FORTALEZA. No ano de 1968, o compositor e versionista Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que THE BEATLES acabara de gravar a música ASA BRANCA, mas foi só brincadeira, THE BEATLES não gravaram e o sucesso de Gonzaga começou a voltar na década de 70. Em 1970 Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira entram na Coleção História da MPB, editada pela Abril Cultural. Em 1971 Luiz Gonzaga recebeu o título de “IMORTAL DA MÚSICA BRASILEIRA”, pela TV TUPÍ do Rio de Janeiro. Em 1972 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão de Caruaru. Foram os papas do tropicalismo Gilberto Gil e Caetano Veloso, que proclamaram solenemente que a moderna canção popular brasileira deitava raízes também na arte antemporal de Luiz Gonzaga. No dia 24 de março de 1972 no Teatro Carioca Tereza Raquel – Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga faz uma apresentação com o título: “LUIZ GONZAGA VOLTA PRA CURTIR”, realizando-se assim, sua volta triunfal. Naquela noite Luiz Gonzaga faz uma síntese falando de toda a sua carreira musical. Naquela oportunidade relatou sua estima pelo o estado do Ceará, dizendo: “É por isso que eu costumo dizer que uma banda minha é pernambucana e a outra banda é cearense!”

No ano de 1973, o Rei do Baião resolve deixar a RCA Victor e passa a gravar na Emi-Odeon. Ainda em 1973 Luiz Gonzaga recebe o título de Cidadão Paulista das mãos do governador de São Paulo. Em 1975, o Rei do Baião conheceu Maria Edelzuíta Rabelo, e correspondia com ela, com o pseudônimo de Marcelo Luiz. Em 1976 Luiz Gonzaga recebe em Fortaleza o título de Cidadão Cearense. Nos dias 13 e 20 de agosto de 1976, a TV GLOBO fez um exibição com o título de “ESPECIAL LUIZ GONZAGA”, tendo a participação de Seu Januário. Em 1977 Luiz Gonzaga entrou na Versão Brasileira da Enciclopédia Universal Britânica. Seu Januário faleceu num dos duplex do PARQUE ASA BRANCA em Exu no dia 11 de junho de 1978. Para sua alegria, no ano de 1980 Luiz Gonzaga canta em Fortaleza para o Papa João Paulo II, que lhe agradeceu ao pegar em sua mão dizendo: “OBRIGADO, CANTADOR!”. Luiz Gonzaga fica envaidecido. Em 1981 o velho Lua recebe os dois únicos discos de ouro de toda sua carreira ( vale ressaltar que é segundo Assis Ângelo e Gildson Oliveira, segundo Dominique Dreyfus Luiz Gonzaga ganhou mais discos de ouro). Neste mesmo ano, Gonzaga fica feliz quando consegue pacificar Exu. Foi ao encontro do Presidente da República em exercício para lhe pedir intervenção e disse: “Dr. Aureliano, faça um esforço para levar a paz à minha terra!”. Tempos depois feliz com a paz conseguida para sua terra, em entrevista Luiz Gonzaga diz ao jornalista Assis Ângelo: “NINGUÉM DAVA JEITO EM EXU. EU PEGUEI AURELIANO CHAVES NUMA BOA E 15 DIAS DEPOIS ELE MANDOU INTERVIR (NA CIDADE). A INTERVENÇÃO SE ENCAIXOU QUE NEM UMA LUVA, E NUNCA MAIS HOUVE CRIME POLÍTICO LÁ”.

Em 1982 Luiz Gonzaga vai tocar em Paris a convite de Nazaré Pereira. Permaneceu em Paris dez dias, conhecendo vários pontos importantes. Em 1984 Luiz Gonzaga recebeu o PRÉMIO SHELL. Em 1985 Luiz Gonzaga é agraciado com o troféu NIPPER DE OURO, uma homenagem internacional da RCA a um artista dela. Em 1986 Gonzagão vai pela segunda vez à França, participando no dia 06 de julho de um espetáculo que reúne cerca de 15 mil pessoas no Halle de la Villete. Luiz Gonzaga foi ladeado por Alceu Valença, Fafá de Belém, Morais Moreira e Armandinho, entre outros artistas brasileiros que integraram o “Couleurs Brésil”. Foi neste passeio que a jornalista francesa, DOMINIQUE DREYFUS, fala com Gonzagão na possibilidade de com ele, fazer um livro autobiográfico. Ainda em 1986 José de Jesus Ferreira lança o livro LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO: SUA VIDA, SEUS AMIGOS, E SUAS CANÇÕES.

Em junho de 1987, a escritora e jornalista DOMINIQUE DREYFUS chega ao Brasil, passando 02 meses no PARQUE ASA BRANCA em Exu. O Rei do Baião desde pequeno trazia em seus lábios um sorriso sincero e, sempre quando podia, gostava de brincar com os outros, oportunidade que aproveitava para saber como estava o sertão. Luiz Gonzaga conheceu e tocou em todos os municípios brasileiros com mais 400 habitantes, inclusive, tocou em Sobral – CE quatro vezes. Tocou pela última vez nesta cidade, terra de Dom José Tupinambá da Frota, no dia 28 de novembro de 1987. Quando Gonzagão chegava nessas cidades do interior para fazer seus shows, era anunciado por seu motorista com o seguinte anúncio: “Atenção, atenção! Vem visitar vocês Sua Majestade o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a maior expressão popular brasileira. Hoje aqui em praça pública!” A carroceria de seu caminhão servia de palco em seus shows, por este Brasil afora.

Em 1988 Mundicarmo Maria Rocha Ferreti lança o livro BAIÃO DE DOIS: ZÉ DANTAS E LUIZ GONZAGA, fruto de uma tese de mestrado. Em 1988 Luiz Gonzaga rompe novamente o contrato com a RCA. Em junho do corrente ano, Luiz Gonzaga entra com o pedido de desquite na justiça pernambucana, por já não se entender com Dona Helena. Ainda em 1988 Luiz Gonzaga passa a morar com Maria Edelzuíta Rabelo. A senhora Edelzuíta Rabelo nos fala através do livro Luiz Gonzaga: O Matuto que conquistou o mundo, o seguinte: “Amei Lula sem nada pedir ou esperar, mas sabendo que me bastava estar diante do homem mais extraordinário que já conheci, que me fez renascer e me ensinou grandes lições.”

A última entrevista de Luiz Gonzaga concedida a imprensa, foi para o jornalista Gildson Oliveira através de Ivan Ferraz no dia 02 de junho de 1989. Recife foi o local escolhido por Luiz Gonzaga para passar seus últimos momentos de vida. O último show realizado por Luiz Gonzaga foi no dia 06 de junho de 1989 no Teatro Guararapes do Centro de Convenções de Recife, onde recebeu homenagens de vários artistas do país. Antes de finalizar o show, o Rei do Baião proferiu estas palavras: “ Boa Noite minha gente! (...) Minha gente, não preciso dizer que estou enfermo. Venho receber essa Homenagem. Estou feliz, graças a Deus, por ter conseguido chegar aqui. E estou até melhor um pouquinho. Quem sabe, né?

“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros poetas, como Gonzaguinha, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Alceu Valença. Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor.

Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.

Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mm; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor. (...) Muito obrigado.”

Na quarta feira, 21 de junho de 1989, às 10:00h, o velho Lua foi levado às pressas ao Hospital Santa Joana, permanecendo 42 dias internado, onde veio a falecer. Palavras de Luiz Gonzaga na UTI do hospital: “VOCÊS NÃO ME LEVEM A MAL. SINTO MUITAS DORES E GOSTO DE ABOIAR QUANDO DEVERIA GEMER.” Luiz Gonzaga travava naquele hospital uma luta imensa contra a morte, e o Brasil todo ficava cada vez mais preocupado com o estado de saúde de seu maior defensor. Luiz Gonzaga não resistiu, o Brasil e o mundo ficou enlutado com o seu último suspiro. O Asa Branca da Paz voava para a eternidade deixando um grande exemplo de vida a ser seguido.

O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de 1989, às 5:15min da manhã no Hospital Santa Joana, em Recife. Foi na Veneza Brasileira que Luiz Gonzaga dava seu último suspiro. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Recife nos dias 02 e 03 até às 9:45min da manhã, foi velado também em Juazeiro do Norte. CE, na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro às 17h, local onde repousa os restos mortais de Pe. Cícero Romão Batista, apesar de o corpo do Rei ter chegado no aeroporto de Juazeiro Norte às 15:20min do dia 03 de agosto. Palavras de Gonzaguinha ainda no aeroporto de Juazeiro: “TUDO BEM, VAMOS ENTRAR NA CIDADE. SE O POVO QUER, QUE PODEMOS FAZER?”

O corpo do Rei do Baião chegou a sua terra natal, sua querida Exu no dia 03 a noite. Foi velado na Igreja Matriz de Exu, durante a noite do dia 03 e todo o dia 04, saindo para o sepultamento no Cemitério São Raimundo às 15:45min. Das centenas de coroas de flores que estavam espalhadas na igreja Bom Jesus dos Aflitos em Exu, oferecidas por fãs de Luiz Gonzaga, estava esta que o repórter Gildson Oliveira transcreveu a seguinte mensagem: “Amado Lula: o silêncio acende a alma... O País canta sua voz... Os pássaros se entristecem com a partida da Asa Branca, mas fica em nossos corações a sua história. E a nossa festa é esta. Quem crê em Cristo, mesmo que esteja morto viverá.”

O corpo de Luiz Gonzaga foi levado no carro corpo de bombeiros, passando por diversas ruas da cidade rumo ao Cemitério São Raimundo, local onde aconteceram as últimas manifestações de carinho, àquele que só foi alegria. O caixão desceu a sepultura depois que Gonzaguinha, Dominguinhos, Alcimar Monteiro e mais de 20 mil pessoas cantarem a música ASA BRANCA às 16:50min. Luiz Gonzaga foi embalado no seio da terra na sexta feira, no mesmo dia da semana, que ele nasceu. Uma outra coincidência é que ele morreu no amanhecer do dia, assim como ele nasceu no amanhecer do dia 13 de dezembro de 1912.

Em 1990 foi lançado pela Editora Martin Claret o livro LUIZ GONZAGA, VOZES DO BRASIL. O filho Gonzaguinha depois de ter passado 15 dias em Exu falando aos amigos sobre a preservação do Parque Asa Branca, veio a falecer subitamente por ocasião de um acidente automobilístico na manhã do dia 29 de abril de 1991, morrendo no mesmo dia. Em 1991 o jornalista Gildson Oliveira lançou o livro LUIZ GONZAGA, O MATUTO QUE CONQUISTOU O MUNDO. Sua esposa, Dona Helena Gonzaga, conhecida por “MADAME BAIÃO”, faleceu na manhã do dia 04 de fevereiro de 1993 na Casa Grande do Parque Asa Branca.

Em 1994 o cordelista Pedro Bandeira lança uma 2ª edição ampliada do livro LUIZ GONZAGA, NA LITERATURA DE CORDEL. Em 1997 a Francesa Dominique Dreyfus lança o livro VIDA DO VIAJANTE: A SAGA DE LUIZ GONZAGA. Ainda em 1997 o professor Uéliton Mendes da Silva lança o livro LUIZ GONZAGA, DISCOGRAFIA DO REI DO BAIÃO. No ano 2000 a professora Sulamita Vieira, lança o livro SERTÃO EM MOVIMENTO – a dinâmica da produção cultural, fruto de sua tese de doutorado. Ainda no corrente ano a professora Elba Braga Ramalho lançou o livro LUIZ GONZAGA: A Síntese Poética e Musical do Sertão. Fruto de sua tese de doutorado na University of Liverpool, na Inglaterra. Em dezembro 2001 eu, este pequeno devoto do Rei do Baião, escrevi um opúsculo em homenagem ao Rei do Baião, intitulado: "Luiz Gonzaga, o Asa Branca da Paz". Graças a Deus consegui a apresentar a Chiquinha Gonzaga, irmão do Rei do Baião, e recebi dela a aprovação do trabalho.